Herdeira da socialite carioca Carmen Mayrink Veiga (1927 – 2017), Antonia Frering conta um pouco da história da família no livro Carmen&Antonia (ed. Catavento Distribuidora). A matriarca foi considerada uma das personalidades mais elegantes do país e uma das mais icônicas da alta sociedade brasileira, pertencendo a um tempo em que, mesmo com bufês, decoradores, floristas e cerimonialistas, tudo era feito em casa, com grandes jantares preparados nos mínimos detalhes de sofisticação e bom gosto. Antonia, que mantém a tradição, falou com a coluna GENTE sobre o livro, que será lançado no dia 13 no Rio de Janeiro. Uma ode à arte de receber, através de almoços, jantares e eventos marcantes.
O que a motivou para fazer um livro sobre a arte de receber? Revi um livro de receitas da mamãe. Isso foi no passado. E pensei: ‘quem sabe ano que vem faço um livro?’. Mas um livro de receita sozinho não combina comigo, tinha que inventar mais coisa. Aí falei: ‘por que não um livro de receitas e mesas?’ Não sabia onde estava me metendo. Ele é um grande combinado de dicas, de receitas, de flores, de mesas… Revendo esse livro, lembrei de receitas que estão no caderno da minha mãe. E vi que são receitas que comi com a minha avó, com a minha mãe, hoje como na minha casa, e meus filhos comem na casa deles, são várias gerações à mesa. A mesa te traz um amor. Seja para o seu filho, seu marido, sua namorada. Adoro arrumar mesas.
Sua mãe foi uma das mulheres mais icônicas da alta sociedade brasileira. Como avalia o termo “socialite” hoje? Esse termo ainda faz sentido? Não, a maioria das pessoas, todo mundo está trabalhando, todo mundo tem um propósito. Pelo menos as pessoas à minha volta. A vida da mamãe, nem há mais ocasiões para os eventos que ela ia, esse glamour todo ficou na época dela, não tem mais.
Ela pertenceu a um tempo em que não existiam decoradores, floristas, cerimonialistas, tudo era feito em casa. Você mantém essa tradição? Até existia, mas a minha mãe nunca usou e eu também não. Gosto de fazer tudo, tenho prazer em fazer e das poucas vezes que chamo alguém, nunca fica como quero e refaço tudo.
O que é ser chique nos dias de hoje? Pontualidade. Não só da pessoa que vai, mas da pessoa que convida. As pessoas não chegam na hora, a dona da casa fica esperando até aquela pessoa que está duas horas atrasada chegar para sentar na mesa. Se você convida para 13:30, no máximo às 14:30 tem que estar na mesa, não é para servir às 16:30. Fico chocada. Ninguém mais tem tempo para perder um almoço o dia inteiro, poucos podem ter esse luxo. Tanto que quando faço alguma coisa aqui em casa, todo mundo chega na hora, sabem que não espero. Antigamente, mamãe fazia jantares enormes, mas ela convidava para 20 horas. Às 21 horas estava na mesa.
Você está presente nas redes sociais como influenciadora, dando dicas. Como tem sido essa exposição? É um prazer o meu Instagram, tenho engajamento e as pessoas me perguntam, é um jeito bacana de ajudar. Tem toda a parte do etiquetando e a do câncer de mama, que já tive e as pessoas sabem, muitos me procuram no privado para falar sobre isso. Fico muito feliz com essa troca. Estou sempre aprontando coisas, sempre com uma palestra, mas o livro tomou muita parte da minha vida.
Qual é a principal lição que busca passar para as pessoas com o livro? Minha mãe nunca quis publicar um livro da vida dela e as pessoas me pediam alguma coisa nesse sentido. O livro tem esse lado de poder dividir um pedaço de mim e da minha mãe, espero que gostem, aproveitem, é ótimo presente de Natal. Não sou professora, não sei muita coisa, mas o livro tem muita dica. Sempre dando uma opção se você não tem algo em casa. Isso sou eu.