Anitta prepara o lançamento da sua nova música em ritmo de funk, Vai Malandra, para a próxima segunda-feira, juntamente com o clipe, gravado em agosto no Morro do Vidigal, comunidade do Rio de Janeiro.
Em conversa com VEJA, Marcelo Sebá, responsável pelo roteiro e pela direção criativa, contou detalhes sobre a produção. Além de figurinos, que vão de um biquíni feito de fita isolante a uma luxuosa roupa de cristais Swarovski, a produção ganha tom político e aborda temas como diversidade, empoderamento feminino e intervenção militar nas comunidades. Confira abaixo detalhes da produção.
De Larissa a Anitta
O novo vídeo marca a volta às origens da cantora carioca, que começou a carreira no funk. Marcelo afirma que “o clipe começa com a Larissa”, referindo-se ao nome verdadeiro de Anitta, em um plano sequência de close nas nádegas da cantora. “E termina com ela como Anitta, subindo a comunidade sozinha em uma roupa inteira de Swarovskis“, revela.
A cantora fez questão de mostrar o corpo natural em todas as cenas, para retratar a mulher real. “A Anitta deixou claro que não queria que a retocassem digitalmente. Ela queria mostrar o corpo real, com celulites, como é.”
O clima do Rio de Janeiro ainda não contribuiu durante a gravação. “Filmamos em um domingo de chuva, em que a maioria dos moradores não foi trabalhar, nem podia ir para a praia. Pensamos na possibilidade de gravarmos algumas cenas da Anitta no dia seguinte, com uma dublê, mas ela fez questão de estar em tudo”, contou Sebá. No total, foram dezessete horas de gravação, além de três horas de preparação das tranças da cantora.
Subindo o morro
A ideia de fazer um clipe em uma comunidade do Rio de Janeiro foi da própria Anitta e o roteirista seguiu o pedido à risca. “O clipe inteiro se passa subindo o morro e a câmera fica confinada na favela, não possui outras paisagens, por exemplo”, explica.
Para manter o clima da comunidade na produção, foram contratados sessenta moradores do Vidigal para trabalhar na figuração das cenas. Além disso, são retratados espaços como bailes funk e a laje de casas, típicos do local. O biquíni de fita isolante, usado por Anitta, foi feito por Érika Bronze, moradora de Realengo, conhecida pelo trabalho com bronzeamento que garante a marquinha perfeita. “Pedimos para a própria Érika convidar clientes para fazer a figuração em uma das cenas”, contou Sebá.
Política e sororidade
Marcelo Sebá ainda aproveitou o espaço do clipe para tratar de temas políticos. “Estruturei um roteiro que é cheio de signos. Abre espaços para discussões sobre várias temáticas. A gente usa as ferramentas que temos, para chamar atenção para as coisas que são pautas relevantes hoje em dia”, defende.
A diversidade é um tema marcante do vídeo. Além da participação de moradores do Vidigal, o clipe contou com convidados LGBTs, como a atriz transsexual Wallace Ruy, o modelo andrógino Goan Fragoso e Jéssica Tauane, criadora do Canal das Bee, no YouTube. O empoderamento feminino também é pauta da produção. Aproximadamente 80% do elenco é composto de mulheres. “Achamos importante tratar dos conceitos de sororidade, que a Anitta já está envolvida.”
Os significados encontrados no vídeo não param por aí. Sebá ainda chama atenção para os figurinos. Em uma das cenas, Anitta dança com roupas militares. “Na minha concepção, isso abre espaço para a discussão sobre a intervenção militar dentro dessas comunidades, uma questão muito importante agora.”
Com a direção do fotógrafo americano Terry Richardson, Vai Malandra estreia nesta segunda-feira. Para divulgar o último lançamento do ano, Anitta fará uma live na sua conta do YouTube às 11 horas do horário de Brasília do mesmo dia.
A assessoria de Anitta ainda divulgou uma prévia da canção, que conta com a participação dos funkeiros Mc Zaac e Dj Yuri, do rapper americano Maejor e da dupla de música eletrônica Tropkillaz.