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A rotina de uma perfumista: menos profissionais do que astronauta no mundo

Verônica Kato fala à coluna GENTE sobre carreira e criação de fragrância

Por Nara Boechat 19 out 2024, 10h00
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  • Perfumista Veronica Kato
    Perfumista Veronica Kato (./Divulgação)

    A profissão de perfumista é tão pouco conhecida e altamente especializada, que se costuma dizer que há mais astronautas do que profissionais dessa área no mundo. Verônica Kato, que atua há cerca de 18 anos na Natura, é uma das poucas brasileiras que dominam essa “arte”. Mas não foi fácil. Formada em farmácia bioquímica, seguiu um longo caminho até se tornar perfumista de destaque, passando por treinamentos em escolas de perfumaria na Europa. Em conversa com a coluna GENTE, Verônica fala sobre desafios e particularidades da profissão, explica como é sua relação pessoal com o perfume e revela os bastidores da criação de uma fragrância feita a partir de cheiros de festivais, lançada no último Rock in Rio.

    É verdade que há mais astronautas do que perfumistas no mundo?  É uma profissão não muito conhecida (risos). Tanto que, quando falo que trabalho na perfumaria, as pessoas me perguntam em que loja trabalho. Além disso, são muitos anos até chegar à profissão. São três anos de formação na escola de perfumaria. A partir disso, a gente se torna perfumista trainee, depois junior. E até se tornar mesmo perfumista são, em média, dez anos. Por isso, tem muita gente sem paciência para continuar e acaba desistindo.

    Como chegou nesta profissão? Sou formada em farmácia bioquímica, trabalhava em empresa de perfumaria alemã e, como não tem escola de perfumaria no Brasil, me deram a oportunidade de fazer lá. Depois fui fazer estágio na França e também pude ir para Inglaterra aprender mais sobre cremes, loções, detergente em pó, amaciante, enfim, tudo o que pode imaginar. No final, fiquei com perfumaria fina e cuidados pessoais.

    O que te inspirou a seguir essa profissão? Quando comecei o estágio em empresa de cosméticos, o gerente de contas da casa de fragrância levou meu currículo para o perfumista e, sem saber, eu já era assistente de perfumista no meu primeiro emprego. Por coincidência. Eu nem sabia o que era isso, mas sempre gostei de plantas e flores, até pela minha origem, meus avós japoneses. Isso me levou a estudar farmácia, que tem um curso de botânica, e o que me fez também ficar na perfumaria. E a Natura me convidou há 18 anos para trazer essa assinatura de naturalidade, de fazer coisas diferentes. 

    Pela delicadeza do trabalho, pode-se dizer que o perfume é uma mistura de ciência com arte? Um perfume é a combinação de ingredientes sintéticos e naturais. É tecnologia e ciência, mas também arte, porque trabalhamos com o olfato para expressar emoções e evocar memórias. O cheiro é a expressão. A gente trabalha combinando esses ingredientes de forma que consiga passar emoção ao consumidor.

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    No Rock in Rio, a Natura lançou um perfume criado a partir de festivais. Como isso foi feito? Foi logo depois da pandemia, quando as pessoas queriam se encontrar, sair para ver gente. Quisemos captar esse momento alegre. Fomos em um festival em São Paulo e depois em outros no Nordeste. Em todos os lugares, encontramos o clima de comunhão, vibração e energia de estar de volta depois de tanto tempo em casa. 

    E como foi feita a captura dos aromas para o perfume? Levamos uma tecnologia que capta as moléculas do cheiro do ambiente, desde o cheiro de grama cortada e aromas de bebidas até cheiros ruins de cigarros eletrônicos e de suor. Quando voltamos para a Natura, traduzimos esses cheiros capturados e criamos acordes para criar as fragrâncias. 

    Como é a sua relação com perfume no dia a dia? Não sou de um perfume só, talvez por trabalhar com isso. Perfume, para mim, é de momento. É o cheiro que me passa a segurança. Por exemplo, quando vou trabalhar, uso o perfume mais neutro. Já quando saio à noite, tenho vontade de usar algo marcante. Ou na primavera, por exemplo, o cheiro das flores. Assim como na música, no perfume você sente quando o negócio está desequilibrado. 

    A senhora presta atenção em cheiros quando chega em algum lugar? Eu não paro. Nem no fim de semana, nem nas férias. Para ter uma ideia, viajei com a minha família de férias para o Alter do Chão, no Pará, há dois anos. Durante passeios pelos igarapés, encontrei uma flor no chão que era muito perfumada. Tirei uma foto e levei para a Natura. Na pesquisa, descobrimos a origem, fomos para o Amazonas investigar a planta e capturamos o cheiro dela. A partir dessa flor, criamos a linha Ekos Rios. Tudo a partir de uma flor que encontrei nas férias. 

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    Já teve perda olfativa em algum momento da vida? Tive um pouco de rinite uma vez e fiquei desesperada, quase três meses sem cheirar bem. Um desespero porque quando não sente cheiro, você perde o prazer das pequenas coisas. Também não sente o sabor da comida, por exemplo. O sabor está atrelado ao olfato.

    Como a sustentabilidade afeta o desenvolvimento dos perfumes? Nossa, já está afetando e muito. Um exemplo é o uso do sândalo indiano, ingrediente de madeira perfumada. Hoje, substituímos por sândalo de reflorestamento da Austrália ou da Nova Guiné, onde temos que plantar três mudas para cada árvore de sândalo usada. Isso é importante para que não acabem os recursos naturais.

    Perfumista Veronica Kato
    Perfumista Veronica Kato (./Divulgação)

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