No ano de 2023 a TV Globo manteve uma grade de novelas mais diversa e representativa, com protagonistas negras em todos os folhetins pela primeira vez na história. Na faixa das seis, Amor Perfeito, apresentou a saga de Marcelino (Levi Asaf) para encontrar os pais, Marê (Camila Queiroz) e Orlando (Diogo Almeida). No horário das sete, Vai na Fé, com 80% de atores negros no elenco, retratou a história de Sol (Sheron Menezzes), uma mãe de família batalhadora. E no horário das nove, Terra e Paixão entrou no mundo agro para contar as lutas de Aline (Barbara Reis) em manter suas terras longe do domínio do poderoso fazendeiro Antônio (Tony Ramos).
Entre as citadas, Vai na Fé destaca-se pela popularidade. Na audiência, a novela marcou 23,1 pontos de média na Grande São Paulo, três pontos acima da sua antecessora, Cara e Coragem (de 2022). E na reta final chegou próximo de atingir 30 pontos, algo que o horário não via desde antes da pandemia de Covid-19. Além da repercussão nas redes sociais, com os personagens entre os assuntos mais comentados do X (antigo Twitter). Ao longo de 179 capítulos, a trama escrita por Rosane Svartman, teve como núcleo central uma família negra e evangélica. O destaque foi além do estereótipo, conseguido por meio de uma equipe de criação diversa, oferecendo ao público uma abordagem de temas relevantes na vida dos personagens, como violência sexual, racismo, diversidade religiosa e relacionamentos homoafetivos. Pela união de ótimo texto, atores e foco na representatividade, a novela foi eleita pela coluna como a melhor de 2023. Se a exibição fosse inédita, valeria citar Todas as Flores, de João Emanuel Carneiro, enfim na TV aberta, fazendo bonito com a audiência às 23h. seria páreo duro, com certeza.
Mas depois disso, nada mais foi visto de muito palpitante na emissora. Como sucessora no horário das sete, Fuzuê começou a ser exibida em agosto, sem repetir o mesmo sucesso. A novela, dirigida por Fabrício Mamberti, marcou a estreia do autor Gustavo Reiz na TV Globo – que precisou de gerenciamento de crise com as mãos habilidosas de Ricardo Linhares. A trama gira em torno de Luna (Giovana Cordeiro), uma garota simples, moradora do Bairro de Fátima, no centro do Rio, que busca por pistas sobre o paradeiro de sua mãe, Maria Navalha (Olivia Araújo), que desapareceu. O elenco conta com nomes de Marina Ruy Barbosa, Edson Celulari e Lilia Cabral, mas a história não cativou o público e foi eleita pela coluna como a pior de 2023. Terra e Paixão, de Walcyr Carrasco, precisou agregar Thelma Guedes, para tentar dar mais gás a sua trama. O galã Cauã Reymond passa despercebido no papel central, deixando nomes como Paulo Lessa e Leandro Lima brilharem em absoluto. Só não é pior que Fuzuê, porque coleciona alguns bons momentos com Tatá Werneck e o núcleo do bordel de Cândida. E só!
Para 2024, as apostas da emissora são voltadas para o remake de Renascer, uma tentativa de peso para recuperar a audiência que se perdeu ao longo desse ano.