Luciana Gimenez, 53 anos, é apresentadora, empresária, modelo e mãe do Lucas, 23, e do Lorenzo, 12. Ao sofrer um acidente em janeiro enquanto esquiava em Aspen, Estados Unidos, Gimenez diz que seus filhos também “embarcaram” num turbilhão de aprendizados. Ela fraturou a perna em quatro lugares, precisando colocar pinos na região, e ainda usa muletas para se locomover. A seguir, sua conversa com a coluna sobre esse doloroso processo.
O que você aprendeu com o acidente? Foi um acidente bem grave, e não só pelos ossos quebrados. Tive “síndrome compartimental”, quando um dos compartimentos da perna se enche de sangue, comprometendo nervos e músculos. Essa recuperação é lenta, ainda não consigo mexer o meu dedão. Gosto de andar de bicicleta, de andar rápido e, quando perdi isso no dia 7 de janeiro, caiu o meu mundo. Passo por dificuldade emocional. A gente vai ficando mais humilde, respeitando que a vida a gente não tem controle.
Ficou com medo de não poder mais fazer alguma coisa? Meu dedo do pé! Apesar dos médicos falarem que vai voltar, eu só acredito vendo. Ele ainda está caindo para baixo. Esse é um medo bem vivo em mim. Olho para o meu dedo e é uma coisa bem louca. Tento fazer com que responda ao estímulo mental. Olho para o dedo e falo ‘sobe’, mas o dedo não sobe.
Faz fisioterapia quantas vezes na semana? Todos os dias, tenho três fisioterapeutas. A gente faz rodízio quando não dá um, dá outro. É uma guerra de nervos, porque dói. Fico achando que sempre tem algo errado e o meu médico repete: ‘Não, é que o osso não grudou ainda’.
Mexe com você ainda lembrar o período que ficou no hospital? Passei por dois momentos muito difíceis, que achei que não ia conseguir sobreviver. A primeira foi a gravidez do meu filho Lucas, que foi uma tortura. E agora esse pé quebrado. Eu acordo e falo: ‘Meu, eu não vou aguentar’. E você observa pessoas que passam por esse tipo de situações e conseguem. Então falo: ‘Tenho que ser forte também’, mas tem dias que é bem difícil. Fico triste, não quero fazer as coisas.
Qual foi a primeira sensação depois da cirurgia? Dor, nada mais, muita dor. Tomei morfina. E eu sou uma pessoa muito consciente em relação ao medicamento, até porque nunca precisei.
Como foi a reação dos seus filhos? Quando caí, só queria levantar e ir embora, mas eu puxei o meu pé e ele estava virando para o lado errado da perna, então eles viram. A gente estava falando ontem disso. Lorenzo falou: ‘Mãe, ainda bem que você não desmaiou; se você desmaiasse, eu morria”. Lucas, mais velho, a gente sabe que dá para conversar, mas o pequenininho… Eu só tentei manter a calma por causa dele.
Eles têm tem ajudado? Eles estão sendo dois príncipes. Fiquei com Lucas em Nova York um mês deitada, sofrendo no sofá dele, murmurando com dor. Ele foi um príncipe, até cozinhou para mim. Teve responsabilidade que nunca precisou, tomou as decisões, era o meu acompanhante. Quando entrei em cirurgia, uma pessoa que sempre foi um menino, de repente, teve que tomar decisão de fazer coisas com a mãe inconsciente. Foi um marco para ele, porque sempre foi muito protegido.
Depois disso, você pensa em voltar a esquiar? Sim. A enfermeira perguntou se podia cortar a minha roupa, uma roupa de esqui novinha, laranja. Aí eu falei: ‘Não, não pode cortar porque eu vou usar o ano que vem’. Acredito que vou ficar 100%. Não te digo que será no ano que vem, porque não sei quanto tempo vai demorar.
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