A crise na melhor universidade francesa após demissão de Mathias Vicherat
A Sciences Po, em Paris, 'produziu' cinco dos últimos oito presidentes do país, incluindo o atual, Emmanuel Macron
Uma das universidades mais prestigiadas da França ficou sem um diretor, pela segunda vez, em apenas três anos. Nesta quarta-feira, 13, Mathias Vicherat, renunciou ao cargo para enfrentar processo judicial por acusações de violência doméstica. A Sciences Po, em Paris, produziu cinco dos últimos oito presidentes franceses, incluindo Emmanuel Macron, e mais de uma dúzia de primeiros-ministros, bem como líderes empresariais, jornalistas conhecidos e dezenas de funcionários públicos de alto escalão. Porém, a demissão de Vicherat, 45, que negou qualquer irregularidade e disse que estava saindo para proteger a universidade, foi o mais recente de uma série de episódios de turbulência que geram uma crise na reputação da instituição fundada em 1872.
O antecessor, Frédéric Mion, renunciou ao cargo em 2021 depois de admitir que não havia tomado medidas contra um professor de longa data e membro do conselho, apesar de saber das acusações de incesto contra ele. Tal investigação foi arquivada pelos promotores porque o prazo de prescrição havia expirado. E o anterior, Richard Descoings, foi encontrado morto em um quarto de hotel nos Estados Unidos em 2012 – uma morte que foi seguida por uma auditoria governamental sobre o uso de fundos públicos da universidade.
A Sciences Po disse em comunicado que “tomou nota” da demissão de Vicherat “para salvaguardar a instituição”, mas não comentaria sua saída. O diretor assumiu o comando em 2021. Porém, em dezembro, ele e a sua ex-mulher, Anissa Bonnefont, foram detidos por acusações mútuas de violência doméstica. O que gerou protestos dos estudantes, exigindo sua saída.