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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Prates apostou e levou

Alta de 16% na gasolina mostra o difícil equilíbrio da Petrobras entre as expectativas de Lula e do mercado

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 16 ago 2023, 18h08

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, apostou o seu cargo na terça-feira ao reajustar a gasolina em 16,3% e o óleo diesel em 25,8%. Foi o primeiro aumento desde que Prates anunciou a nova política de reajuste da Petrobras, em maio, e na prática faz com que os preços para o consumidor sejam os mais altos desde julho do ano passado, antes do governo Bolsonaro fazer a manobra de tirar os impostos dos combustíveis para ganhar votos. Prates apostou e levou.

Por sorte, Prates decidiu pelo aumento de preços num momento ótimo da popularidade de Lula. Pesquisa Genial/Quaest mostrou aprovação do desempenho do presidente por 60% dos eleitores, o maior índice do ano. O resultado representa alta de nove pontos percentuais na comparação com abril. Isso significa que, neste momento, o governo Lula tem uma gordura de popularidade para queimar com as eventuais críticas ao aumento da Petrobras.

Nos governos Temer e Bolsonaro, os preços dos combustíveis da Petrobras eram correia de transmissão das cotações internacionais. O resultado foram os maiores lucros da história da companhia e uma instabilidade sem fim. O primeiro presidente da Petrobras do governo Temer, Pedro Parente, caiu em 2018 depois que caminhoneiros pararam o país por uma semana. Apoiador daquele movimento, Bolsonaro morria de medo de uma paralisação nas estradas e teve quatro presidentes da Petrobras em quatro anos. A cada um, Bolsonaro pediu que controlasse os preços dos combustíveis. Todos prometeram, mas ao final repassaram as altas internacionais. Todos caíram.

Havia um temor de que Prates seguisse o mesmo destino, já que Lula e o PT sempre criticaram a visão pró-mercado de Temer e Bolsonaro. Dias atrás, surgiu um bolão na Faria Lima sobre quanto tempo Prates permaneceria no cargo caso desse um aumento grande na gasolina — como de fato ele fez. A maioria das apostas apontava que ele não chegaria ao Natal no cargo.

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Prates foi escolhido pessoalmente por Lula da Silva depois de prometer “abrasileirar” os preços, o que significaria levar em conta os custos de produção no Brasil na hora de precificar gasolina e derivados. Enquanto sob Temer e Bolsonaro, os preços subiam a cada variação externa, com Prates o cálculo é mais obscuro e a decisão mais discricionária.

Há semanas a Petrobras estava operando com preços abaixo da realidade (especialmente no diesel) e Prates foi pressionado a segurar as rédeas até o lançamento do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), na sexta-feira, dia 11. A Petrobras é a espinha dorsal do PAC, com aumento na capacidade de refino, produção de energia eólica nos mares e a controversa exploração de petróleo nas águas a 200 quilômetros da Amazônia. Cumprido o pedágio político, Prates foi liberado a mostrar ao mercado que a sua lealdade política com Lula não o faria rasgar dinheiro da companhia. Prates vai permanecer enquanto mantiver esse equilíbrio entre as expectativas de Lula e do mercado.

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