Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Thomas Traumann

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
Continua após publicidade

O ministro “grande ideia, Chefe!”

André Mendonça transformou o Ministério da Justiça em um puxadinho das vontades de Bolsonaro

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 14 set 2020, 12h48 - Publicado em 10 set 2020, 14h20
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Jair Bolsonaro tem dois tipos de ministros: os que cumprem ordens e os que se antecipam aos desejos do chefe. O ministro da Justiça, André Mendonça, faz parte do segundo grupo.

    Desde a semana passada, Bolsonaro tem demonstrado preocupação com a alta nos preços do arroz, até agosto subiu 20%. Ele conversou com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que lhe explicou dos efeitos do aumento do consumo dos beneficiados com o auxílio emergencial e da quebra da safra com a seca no Centro-Oeste. Insatisfeito, se queixou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que deve ter lhe dito sobre uma certa lei da oferta e da demanda num sistema de liberdade de preços. Os dois ministros ofereceram como alternativa a possibilidade de zerar as alíquotas de importação de arroz, medida que na prática ajudará pouco em função do dólar alto. Bolsonaro seguia sem ter uma resposta para dar ao seu eleitorado. Daí apareceu André Mendonça.

    Depois de o presidente ter se reunido com o dirigente da Associação Brasileira de Supermercados, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), ligada ao Ministério da Justiça, notificou na quarta-feira, 9, as principais empresas e associações ligadas à produção e distribuição dos itens da cesta básica para em 5 dias explicarem os motivos das altas de preços. É uma estultice sem tamanho que serve para dar discurso à militância bolsonarista, mas que terá efeito zero nos preços dos alimentos. No afã de bajular Bolsonaro, Mendonça sequer avisou a colega Tereza Cristina, como ela mesmo contou hoje em entrevista à rádio Gaúcha.

    A pressão sobre supermercados e cooperativas é apenas mais um gesto na lista de adulações de André Mendonça. Candidato à ministro do Supremo Tribunal Federal na vaga que Bolsonaro irá indicar em novembro, Mendonça está desde sempre se colocando como um cumpridor de desejos do chefe. Ele foi indicado para o Ministério da Justiça no lugar de Sergio Moro em abril depois de ameaçar processar, na função de advogado geral da União, os governadores que punissem quem desrespeitava a quarentena da Covid-19.

    Continua após a publicidade

    Em ato estranho às responsabilidade da sua pasta, Mendonça entrou com pedido de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal em favor do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, que havia defendido a prisão dos juízes. Ele ainda defendeu os interesses dos youtubers e blogueiros bolsonaristas investigados nos inquéritos de ameaça à vida dos ministros do Supremo.

    ASSINE VEJA

    Os riscos do auxílio emergencial
    Os riscos do auxílio emergencial Na edição da semana: a importância das reformas para a saúde da economia. E mais: os segredos da advogada que conviveu com Queiroz ()
    Clique e Assine

    Uma vez ministro, Mendonça foi, no mínimo, conivente com a produção de dossiês contra policiais e servidores públicos que se declaravam antifascistas. Um episódio sujo de política que só foi suspenso depois de denúncia na mídia e ordem do Supremo Tribunal Federal. Para defender a reputação de Bolsonaro, Mendonça abusou das prerrogativas de sua pasta, acumulando uma postura que deveria ser da Advocacia Geral da União. Ele pediu a abertura de inquéritos sob a justificativa da Lei de Segurança Nacional para investigar os jornalistas Hélio Schwartsman, da Folha de S.Paulo, e Ricardo Noblat, de Veja, por críticas ao presidente.

    Continua após a publicidade

    Nesta semana, atendendo interesses do secretário de assuntos fundiários, Nabhan Garcia, o principal interlocutor do presidente com o setor mais atrasado do ruralismo, o Ministério da Justiça anunciou o envio de tropas da Força Nacional para despejar sem terras na Bahia. A lei é clara ao afirmar que o envio das tropas só pode ocorrer por pedido do governo local, o que não ocorreu.

    Historicamente o Ministério da Justiça é considerado o primus inter paris do governo, o primeiro entre os iguais. Já ocuparam o cargo juristas que entraram para a histórica como Eusébio de Queiroz, José Nabuco e Ruy Barbosa para ficarmos apenas no século XIX. André Mendonça entra na história como aquele que tornou o cargo um puxadinho dos caprichos, vontades e desejos do presidente.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.