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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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Lula 2022 quer ser o Biden brasileiro

Programa americano de investimentos públicos deve inspirar programa do PT

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 abr 2021, 08h42 - Publicado em 5 abr 2021, 17h24
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  • A pergunta que tira o sono de banqueiros, empresários e os tucanos em geral é qual Lula estará em 2022? O paz e amor de 2002, que colocou no governo a trinca Henrique Meirelles – Joaquim Levy – Marcos Lisboa, ou o que deixou a prisão em 2019 pronto para se vingar daqueles que o abandonaram em Curitiba, incluindo muitos dos banqueiros e empresários hoje tão insones?

    A resposta não está no passado, mas no presente. O modelo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai defender em 2022 é muito parecido com o do presidente americano Joe Biden, que em dois meses está tirando os EUA do abismo dos anos Trump.

    Biden entrou no imaginário político brasileiro por ser o político centrista que administrou uma coalizão gigante para derrotar um presidente autoritário com traços psicóticos. Depois que um político tradicional como Biden foi capaz de varrer Donald Trump, muitos analistas brasileiros passaram a achar possível também derrotar Jair Bolsonaro com um candidato moderado. Não contavam com a volta de Lula ao páreo.

    Mas o Biden que inspira Lula não é apenas o candidato que prometeu (e por enquanto tem cumprido) trazer a normalidade de volta à Casa Branca. É o Biden que promove o maior programa de transferência de renda da história e pretende aprovar um programa trilionário de investimentos públicos.

    Logo depois da posse, sob ferrenha oposição da oposição, Biden aprovou um programa de apoio aos mais pobres e aumento de gastos em saúde e educação de US$ 1,9 trilhão para reascender a economia americana, baleada pela pandemia de Covid19.

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    Aprovado o projeto, Biden anunciou um segundo pacote, ainda mais ambicioso, de geração de empregos na indústria sustentável. Serão US$ 2,3 trilhões para financiar a indústria de carros elétricos e montar a infraestrutura de rede nas rodovias, reformar estradas, trilhos ferroviários e habitação popular, levar banda larga de internet para todas as casas e incentivar empresas não-poluentes. É o maior programa econômico americano desde o Contrato Social do governo Johnson, nos anos 1960.

    Mais surpreendente é que Biden pretende que os mais ricos paguem a conta, em uma reversão de décadas de isenções e desregulações iniciadas pelo governo Reagan nos anos 1980. Se o pacote Biden for aprovado, a taxa de imposto corporativo nos EUA aumentará de 21% para 28% e haveria um imposto mínimo de 21% para ganhos em paraísos fiscais, determinado conforme o país. O Goldman Sachs calculou que o plano fiscal de Biden cortará 9% dos ganhos por ação das companhias no S&P 500 no próximo ano. Ao mesmo tempo, o Fed calculou que os EUA vão crescer 6,5% neste ano, ante uma previsão inicial de 4,2%.

    É óbvio que o Brasil não tem a capacidade financeira dos EUA para se endividar em dólar, mas também é inevitável que o pacote Biden transforme o debate eleitoral brasileiro. Se em 2018 Jair Bolsonaro exibia Paulo Guedes para provar que havia se convertido ao liberalismo, Lula vai chegar em 2022 exibindo como modelo um americano acima de qualquer suspeita.

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