Ungido por Jair Bolsonaro como o seu herdeiro mais provável, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, começou a se mexer para 2026. Ele acertou a sua filiação no PL, o partido de Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, enviou para a Assembleia Legislativa projeto de escolas estaduais cívico-militares, ampliou por mais três anos um programa que dá 90% de desconto para que fazendeiros ocupantes de terras públicas comprem as áreas do Estado, trabalha para obter o apoio dos prefeitos para privatizar a Sabesp até junho, aceitou convite para visitar Israel em apoio ao governo Netanyahu no dia 18 e engatou um discurso radicalmente pró-polícia diante das denúncias de violência na operação de deixou 39 mortos no litoral. O nome do governador segue sendo Tarcísio, mas pode chamar de Jair.
A conversão do governador em um pré-candidato do núcleo duro do bolsonarismo veio com a manifestação de 25 de fevereiro, convocada para mostrar solidariedade ao ex-presidente e cuja consequência direta foi reenergizar a direita. Pela primeira desde o início do governo Lula, a direita mostrou seu poder de reação justamente quando parecia mais frágil.
A eventual condenação de Jair Bolsonaro por tramar um golpe de Estado virou uma questão de tempo, mas o bolsonarismo parece que vai mover sem o seu líder. Uma pesquisa da USP com os manifestantes mostrou que, sem Bolsonaro, a maioria prefere Tarcísio. Feita em São Paulo, a enquete naturalmente tem viés. Uma pesquisa com 2 mil pessoas da Futura, encomendada pela Apex Partners, feita antes do ato em São Paulo, comprova o potencial do governador.
Nos números gerais, Lula supera qualquer adversário numa disputa mano a mano:
Lula 57,8%
Zema 42,1%
Lula 58,1%
Ratinho 41,9%
Numa improvável tira-teima entre Lula e Bolsonaro, o atual presidente seguiria vencendo:
Lula 53,6%
Bolsonaro 46,4%
A novidade é quando se coloca Tarcísio e o resultado é igual ao de Bolsonaro.
Lula 53,8%
Tarcísio 46,2%
Faltando dois anos e sete meses para as eleições, qualquer pesquisa eleitoral no Brasil é especulativa. Diante do desafio da direita de encontrar um sucessor de Bolsonaro, no entanto, a decisão precisa ser antecipada até o ano que vem.
Em público e privado, Tarcísio mantém o discurso de que prefere ser candidato à reeleição. Com 48 anos, o governador prefere esperar até 2030 e ser candidato no pós-Lula. Se for o único candidato viável na direita em 2026, contudo, Tarcísio assume que seu novo nome é Jair.