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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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É hora de prender os terroristas

Os acampamentos bolsonaristas insuflam um golpe militar e precisam ser desmantelados

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 26 dez 2022, 12h18
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  • Os acampamentos bolsonaristas nas portas do quartéis são uma céLula terrorista. Preso na noite de sábado, dia 24, por planejar atentado em Brasília com um explosivo instalado em um caminhão, o bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa relatou em depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal que a intenção era causar “o caos” na capital federal, atingindo o aeroporto e, posteriormente, a subestação de energia. Com Brasília às escuras e depredações nas ruas, estaria nos planos dos golpistas configurada uma emergência suficiente para que as Forças Armadas decretassem “estado de sítio” e impedissem a posse do presidente eleito Lula da Silva.

    Com o Souza, os policiais encontraram um arsenal com fuzil, espingardas, revólveres, munição e outros artefatos explosivos. No depoimento, ele confirmou que o atentado foi debatido no acampamento em frente ao Quartel General do Exército, montado há 50 dias. “Uma desconhecida sugeriu que fosse instalada uma bomba na subestação de energia em Taguatinga, para provocar a falta de eletricidade e dar início ao caos. O plano não evoluiu porque ela não apresentou o carro para levar a bomba até a transmissora de energia”, disse em depoimento.

    O futuro ministro da Justiça, Flavio Dino, deu a gravidade do assunto. “Os tais acampamentos ‘patriotas’ viraram incubadoras de terroristas”.

    No dia seguinte, domingo de Natal, a Polícia Militar do Distrito Federal encontrou uma bomba na região do Gama, na DF-290. Na manhã desta segunda-feira, dia 26, uma equipe do esquadrão antibombas fez varredura no hotel onde o presidente eleito Lula despacha até assumir.

    No dia 12 de dezembro, quando Lula foi diplomado presidente eleito, bolsonaristas queimaram ônibus e carros e tentaram invadir a sede da Polícia Federal em Brasília. Ninguém foi preso. No depoimento à Polícia Civil, Souza contou que conversou com policiais militares e bombeiros que atuavam na noite da baderna e que ouviu deles que a ordem era não interferir. “Ali ficou claro para mim que a PM e o bombeiro estavam ao lado do presidente (Bolsonaro) e que em breve seria decretada a intervenção das Forças Armadas”, disse Souza no depoimento. “A minha ida a Brasília tinha como propósito participar dos protestos que ocorriam em frente ao QG do Exército e aguardar o acionamento das Forças Armadas para pegar em armas e derrubar o comunismo”.

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    A franqueza de Souza contrasta com o laconismo do presidente em exercício e do ministro da Justiça. Nenhum dos dois condenou o plano do atentado. Nas suas redes sociais, Bolsonaro postou dados sobre preços de combustíveis. O ministro, que é delegado da Polícia Federal, afirmou que é “importante aguardarmos as conclusões oficiais, para as devidas responsabilizações” _ o que é o mesmo que nada.

    O bolsonarismo é o maior movimento de direita e extrema direita do Brasil. Reuniu 48 milhões de votos pela reeleição do presidente, venceu os governos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, elegeu 140 deputados e 15 senadores. Ao não condenar as conspirações para atentados e o golpismo, vai se tornaram cúmplice uma célula terrorista.

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