O ex-presidente Jair Bolsonaro perdeu as suas principais apostas no segundo turno das eleições municipais: Goiânia, Belo Horizonte, Curitiba, Manaus e Fortaleza. Mesmo em cidades onde a direita massacrou a esquerda, como São Paulo e Porto Alegre, a participação de Bolsonaro foi a de um coadjuvante. A mesma eleição municipal que ressaltou as fragilidades do PT, da esquerda e do governo Lula mostrou também que o ex-presidente Bolsonaro perdeu o controle do antipetismo.
Em Goiânia, Bolsonaro acompanhou Fred Rodrigues (PL) na hora da votação, numa tentativa desesperada de impedir a vitória do ex-deputado Sandro Mabel (União), o candidato do governador Ronaldo Caiado (União).
Em Belo Horizonte, o prefeito Fuad Noman (PSD) foi reeleito, com o providencial apoio da esquerda derrotada no primeiro turno. O candidato da extrema direita, Bruno Engler (PL), que combinou o bolsonarismo com o pablomarcismo, perdeu.
Em Curitiba, onde o PL indicou o candidato a vice do candidato vitorioso Eduardo Pimentel (PSD), Bolsonaro, na prática, estava com a candidata negacionista Cristina Graeml (PMB).
Em Manaus, o candidato de Bolsonaro, Capitão Alberto Neto (PL), foi derrotado pelo prefeito David Almeida (Avante).
Em Fortaleza, André Fernandes (PL) usou todos os métodos radicais do bolsonarismo, incluindo a ameaça de morte de um porco, e perdeu para o candidato do PT, Evandro Leitão. Foi a única vitória petista deste domingo.
O atual prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), foi reeleito contra o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro Marcelo Queiroga (PL).
Em Belém, outra derrota de Bolsonaro. O delegado Éder Mauro (PL) perdeu feio para o candidato da família Barbalho, Igor Normando (MDB).
Em Palmas, nova derrota do bolsonarismo, com Eduardo Siqueira vencendo Janad Vaccari, do PL. Fora das capitais, o bolsonarista Carlos Jordy foi massacrado em Niterói.
A principal vitória de Bolsonaro neste domingo foi em Cuiabá, onde o prefeito Abilio Brunini (PL) foi reeleito, derrotando Lúdio Cabral (PT). A direita também venceu em Natal (Paulinho Freire), Aracaju (Emília Correa) e Campo Grande (Adriane Lopes), mas essas vitórias não alteram o resultado ruim para o ex-presidente.
Em entrevista ao Estadão, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, reconheceu que seu partido não teria hoje votos para vencer uma eleição presidencial e defende atrair eleitores de centro para conseguir derrotar o PT em 2026. Para Valdemar, o movimento é para ampliar o eleitorado do PL para além da direita e da extrema. “Nós temos um problema sério. O nosso adversário fez cinco presidências da República. Ou nós aumentamos a nossa base, trazendo o pessoal do centro que defende as pautas da direita, ou nós perdemos a eleição. Nós não temos voto hoje para ganhar (em 2026). Nós já perdemos a outra (eleição, em 2022). Estou tomando cuidado para trazer um pessoal que defenda a pauta da direita. O problema é o pessoal (do bolsonarismo) entender isso aí”, afirma Valdemar. O resultado deste domingo indica que o diagnóstico de Valdemar está correto.