Dias atrás o ministro do STF Ricardo Lewandowski publicou texto comparando uma tentativa de intervenção militar à entrada das tropas de Júlio Cesar em Roma, quando o general descumpriu as ordens cruzou o rio Rubicão para dar um golpe de Estado. Neste 7 de Setembro, Jair Bolsonaro cruzou o Rubicão.
Depois de um mês convocando seus militantes para defendê-lo, Bolsonaro disse que irá desobedecer às decisões do ministro do STF, Alexandre de Moraes, e que não aceita as regras eleitorais de 2022 decididas pelo Congresso.
“Ele (Alexandre de Moraes) tem tempo ainda para se redimir, de arquivar seus inquéritos… Ou melhor, acabou o tempo dele. Sai, Alexandre de Moraes! Deixa de ser canalha. Deixa de oprimir o povo brasileiro, deixa de censurar o seu povo. Eu falo em nome de vocês. Devemos determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade” (no jargão bolsonarista `presos políticos’ são os youtubers golpistas presos)
“Nós devemos sim, porque eu falo em nome de vocês, determinar que todos os presos políticos sejam postos em liberdade. Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou”
“Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada ainda pelo presidente do TSE (o ministro Roberto Barroso). A alma da democracia é o voto. Não podemos admitir um sistema eleitoral que não oferece segurança por ocasião das eleições”
“Não é uma pessoa que vai nos dizer que esse processo é seguro e confiável porque não é. Não posso participar de uma farsa como essa patrocinada ainda pelo presidente do TSE”.
Quantos bolsonaristas estavam nas ruas nesta terça-feira? 500 mil, um milhão, não importa. O presidente fez neste feriado um ensaio para uma intervenção sobre as instituições. Se ele vai conseguir, vai depender da reação da sociedade.
No artigo publicado na Folha, o ministro Lewandowski informava que “no Brasil, como reação ao regime autoritário instalado no passado ainda próximo, a Constituição de 1988 estabeleceu, no capítulo relativo aos direitos e garantias fundamentais, que “constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis e militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático. Como se vê, pode ser alto o preço a pagar por aqueles que se dispõem a transpassar o Rubicão”. É hora desse preço ser cobrado.