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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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As semelhanças e diferenças de Campos Neto e Meirelles, segundo Lula

Presidente já pressionou por cortes de juros antes, mas existia diálogo

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 23 mar 2023, 17h54

Já aconteceu antes. No final de 2007, a taxa Selic estava em 11,25% e, como agora, muita gente do entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmava que os juros impediam o Brasil de crescer. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, dizia publicamente que o BC boicotava o crescimento do País.

Na véspera da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), Lula ligou para o presidente do BC, Henrique Meirelles.

“Meirelles, eu nunca te pedi nada, mas hoje eu vou te pedir: corte os juros porque senão nós não vamos crescer os 5% que é a nossa meta. Você precisa colaborar e baixar a taxa de juros”.

Em seu livro de memórias a ser lançado no segundo semestre, Meirelles conta que ouviu o presidente, deu respostas polidas e encerrou o telefonema com um genérico “fique tranquilo, presidente, que vamos fazer o melhor para o Brasil”.

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No dia seguinte, o Copom contrariou o presidente e manteve os juros onde estavam. Lula ficou três meses sem falar com Meirelles.

Assim como o Lula de 2007, o Lula de 2023 enxerga na ação do Banco Central um entrave para o investimento privado, expansão do crédito e geração de empregos. Em outra similaridade com o confronto desta semana, Lula tem zero problema em tentar convencer o BC a baixar os juros para conseguir seus objetivos econômicos, não importando a meta inflacionária. Por fim, tanto Roberto Campos Neto em 2022, quanto Henrique Meirelles em 2002 votaram no adversário de Lula.

As semelhanças terminam aí. Ao contrário de Campos Neto, Meirelles criou uma relação com o presidente. Eles conversavam regularmente, faziam apresentações conjuntas em fóruns internacionais e discordavam apenas no privado. Meses depois da reunião do Copom de 2007, o mundo afundou no crack da crise financeira e Meirelles teve liberdade de apostar US$ 50 bilhões das reservas brasileiras para impedir um ataque especulativo. Nem consultou o presidente.

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Lula e Campos Neto se encontraram uma vez, antes do Natal, junto com Fernando Haddad. A conversa foi burocrática, mas qualquer impressão boa do presidente do BC foi por água abaixo quando se descobriu que pelo menos até 11 de janeiro ele ainda participava de um grupo de WhastApp chamado de “ministros de Bolsonaro”.

Nas conversas privadas, Lula diz ter certeza de que Campos Neto trabalha para boicotar o governo por motivações políticas. Para Lula, os comunicados das reuniões do BC em fevereiro e desta quarta-feira – mantendo a taxa Selic em 13,75% sem previsão de cortes neste semestre – confirmam a sua suspeita.

Lula foi levado a convidar Meirelles para o BC pela defesa de vários auxiliares, como Antonio Palocci e Aloizio Mercadante. Já Campos Neto foi indicado por Paulo Guedes, ficou no cargo por quatro anos de Bolsonaro e ainda tem dois anos de mandato com Lula. O único contato entre o presidente e o presidente do BC é Fernando Haddad, mas depois desta semana o ministro da Fazenda deixou de ser um intermediário. Está mais como um embaixador de dois países em guerra.

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