Recorte da pesquisa Genial/Quaest revela que a polarização que repartiu o país entre Lula e Bolsonaro contaminou a confiabilidade da Justiça. Apenas 23% dos entrevistados têm uma visão positiva do STF, enquanto 29% têm uma imagem negativa. Essa análise está associada diretamente à escolha do voto: 37% dos eleitores de Lula aprovam o Supremo, ante míseros 6% dos bolsonaristas. A reprovação segue a mesma lógica: entre lulistas, só 11% criticam, enquanto incríveis 58% dos votantes em Bolsonaro rejeitam a ação do STF.
Ministros do Supremo Tribunal Federal precisam decidir pela Constituição, não pelos índices de popularidade, mas os números da pesquisa precisam ser tomados como um risco para a credibilidade da instituição. 37% dos brasileiros dizem que STF não cumpre um bom papel na defesa da democracia, dado que alcança 46% entre os eleitores evangélicos.
Presidente do Tribunal Superior Eleitoral e relator dos inquéritos das fake news, o ministro do STF Alexandre de Moraes é o símbolo deste país que enxerga o STF com as lentes da política. 8 de cada 10 brasileiros contam já terem ouvido falar de Moares. É um índice tão alto que, apenas para comparação, a candidata à presidente Simone Tebet só obteve no final da campanha.
A controvérsia em torno de Alexandre de Moraes, segundo a Genial/Quaest, resume a polarização do Judiciário: 43% dos entrevistados acham que Moares está exagerando em suas decisões, enquanto 37% dizem que não. Entre os bolsonaristas, como seria esperado, a rejeição é gigante, de 72%. Mas é importante observar que entre os eleitores que não foram votar ou votaram branco ou nulo no segundo turno, 41% também acham que Moraes passou de algum limite. O apoio ao ministro se concentra entre os lulistas, 55% dos que votaram no presidente aprovam seu trabalho.
O governo Lula será julgado pela capacidade de pacificar o país depois da mais violenta e acirrada eleição da história. Essa missão se tornou mais urgente depois do 8 de janeiro, mas não é só de Lula. A pesquisa Genial/Quaest mostra que o Supremo também precisa se recolocar como guardião da Constituição acima de partidos e governos para que sua legitimidade não termine sendo parte do debate eleitoral.