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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A ausência americana

Comitê do Senado não aprova embaixadora e EUA devem ficar sem embaixador no Brasil até ano que vem

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 jun 2022, 18h53
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  • Os EUA ficarão, provavelmente, até 2023 sem embaixador em Brasília. Nesta sexta-feira (24/06), o Comitê de Relações Exteriores do Senado não aprovou a indicação da empresária Elizabeth Bagley ao posto sob o pretexto de uma frase antissemita de 24 anos atrás. Na verdade, foi uma demonstração de (a) a falta de poder de Biden no Senado; e (b) a desimportância do Brasil para a política externa americana na avaliação dos senadores.

    Em entrevista em 1998, então embaixadora americana em Lisboa, Bagley afirmou que o “existe sempre a influência do lobby judeu porque existe dinheiro envolvido (…) Os democratas tendem a acompanhar seus eleitores judeus e repetir coisas estúpidas como reconhecer Jerusalém como capital de Israel, um tema que nunca deveria ser tocado (em função das reações de outros países no Oriente Médio)”.

    Durante a audiência no Senado, Bagley pediu desculpas e disse que se expressou mal. O resultado foi um empate de 11 votos contra e 11 favoráveis à indicação, o que coloca a nomeação em um limbo. Em tese, o plenário do Senado pode aprovar o nome mesmo assim, mas o custo político é alto. O mais provável é que a indicação de Bagley seja retirada e a Casa Branca anuncie novo nome. A burocracia envolvida nisso deve adiar a chegada do novo embaixador em quase um ano. Brasília está sem embaixador dos EUA desde julho de 2021.

    Na sabatina anterior à votação, Bagley fez declarações sintomáticas das preocupações do governo Biden com as eleições brasileiras. “Ao longo de 30 anos, monitorei muitas eleições. E eu sei que não será um momento fácil, muito em razão dos comentários (do presidente Jair Bolsonaro). Apesar desses comentários, há uma base institucional. O que continuaremos a fazer é mostrar nossa confiança e nossa expectativa de que eles terão eleições livres e justas”, afirmou Bagley.

    Arrecadadora das campanhas democratas desde os anos 1990 e uma das primeiras a apoiar Biden, Bagley é uma empresária de sucesso de telecomunicações do Arizona. A sua indicação era um ótimo sinal por enviar a Brasília alguém com acesso direto à Casa Branca. Agora, tudo volta à estaca zero.

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