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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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A aposta de Lula em Boulos

Presidente acredita que a sua reeleição passa pela vitória em São Paulo

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 6 ago 2024, 11h55
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  • Há uma certa ironia de que os planos de reeleição do presidente Lula da Silva passem pelo primeiro candidato de esquerda não-petista com chances de ser eleito prefeito de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos, do PSOL. Se vencer as eleições de outubro, Boulos vai confirmar um inesperado nicho lulista no coração do antipetismo e dar ao presidente o favoritismo para 2026. Se perder, no entanto, a derrota não será atribuída a ele, mas a Lula. Da mesma forma, uma reeleição do atual prefeito Ricardo Nunes não será dele, mas do governador Tarcísio de Freitas, o mais provável candidato da oposição antipetista. Boulos e Nunes disputam uma prévia para 2026.

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    Para ajudar Boulos, Lula primeiro estancou a possibilidade de o PT lançar um nome próprio, depois fez o partido aceitar de volta a ex-prefeita Marta Suplicy como candidata a vice-prefeita e obrigou a direção nacional a destinar R$ 40 milhões para a campanha. O coordenador geral da candidatura é um dos raros políticos que Lula confia, o deputado federal petista Rui Falcão.

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    A primeira tática da campanha de Boulos será ressaltar a aliança, numa reedição do “Haddad é Lula, Lula é Haddad” que em 2018 levou o agora ministro da Fazenda ao segundo turno da eleição presidencial. O presidente irá a pelo menos dois comícios de Boulos no primeiro turno e em todos que forem necessários no segundo.

    Neste momento, o apoio de Lula faz diferença. Na nova pesquisa Genial/Quaest, faltando dois meses para o primeiro turno somente 42% dos eleitores sabem que Boulos é o candidato do presidente. Segundo a sondagem, o deputado varia entre 19% e 24% das intenções de voto dependendo dos adversários. Mas quando os pesquisadores perguntam se o eleitor votaria em “Boulos apoiado por Lula”, o índice sobe para 28%. Para comparar: Ricardo Nunes perde votos e oscila de 26% para 25% quando os eleitores são informados que ele é apoiado por Jair Bolsonaro.

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    O apoio do presidente não altera, contudo, o favoritismo de Ricardo Nunes. Sua administração tem 31% de avaliação positiva, o que para comparar está na média entre os que os paulistanos acham de Lula (28% de aprovação) e Tarcísio (36%). Nunes tem a seu lado a máquina da prefeitura, o maior tempo em rádio e TV, o maior orçamento de campanha e o apoio ostensivo de Tarcísio de Freitas para compensar o efeito tóxico do apoio de Bolsonaro. Na simulação de segundo turno, Nunes derrota Boulos por 45% a 32%.

    Líder do Movimento Sem Teto, Boulos tem um perfil à esquerda das duas lideranças do PT paulista, os ex-prefeitos Fernando Haddad e Marta Suplicy. Na pesquisa Genial/Quaest, os seus apoiadores são jovens, pessoas que ganham mais de 4 salários mínimos, com curso universitário e sem religião _ um perfil que lembra o do PT dos anos 1980 e 90, não o eleitor de até 2 salários mínimos majoritários depois dos governos Lula. Os pobres paulistanos, diz a pesquisa, estão com Nunes e o apresentador José Luís Datena. A imagem de Boulos como radical tem sido cuidadosamente reforçada pelos adversários para ampliar a rejeição junto à classe média: 41% dos paulistanos dizem que nunca votariam no deputado PSOL ante 38% que rejeitam Nunes.

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    Muitos petistas consideram essas dificuldades instransponíveis e gostariam que o presidente tivesse mais cautela. Lula os ignora. Gosta de Boulos pessoalmente, que pela barba preta e o jeito expansivo lembra o próprio Lula mais jovem, e considera que vencer em São Paulo pode até tirar Tarcísio da disputa presidencial. Em 2022, pela primeira vez na vida, Lula venceu uma eleição na cidade São Paulo, diferença fundamental no olho mecânico da disputa com Bolsonaro. Para repetir o feito, ele acredita que precisa do sucesso de Boulos em outubro.

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