O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, tem como obsessão acabar com os empréstimos bancários tendo como garantia o saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). O uso do FGTS como garantia é “uma farra do sistema financeiro”, “uma ilusão para os trabalhadores” e “um engodo” disse o ministro em várias entrevistas nos últimos quatro meses.
Este artigo não vai debater os empréstimos, mas jogar luz sobre um aspecto que surpreendentemente o ministro do governo Lula, ex-presidente do PT paulista e ex-presidente nacional da CUT parece não dar atenção, a opinião do público. Recorte inédito da pesquisa Genial/Quaest mostra que só 24% dos brasileiros aprovam o fim do uso do FGTS nos empréstimos; 63% são contra. Algo está estranho quando o ministro do trabalho defende algo que é impopular entre os trabalhadores.
A reprovação à ideia faz parte de uma série de descobertas da pesquisa sobre como as mensagens do governo não chegam ou chegam mal à sociedade. 43% dos eleitores disseram não saber que o governo decretou aumento real no salário mínimo; 42% ignoram o relançamento do programa Mais Médicos; e 45% não sabiam da isenção da cobrança do imposto de renda para quem ganha até dois salários mínimos. São números preocupantes.
A falta de foco de Lula em divulgar e explicar o que o governo faz pode transformar na percepção popular a nova Regra Fiscal em um pacote de impostos. Segundo a sondagem Genial/Quaest, 45% admitiram “não ter entendido nada” sobre o novo arcabouço. Duas ideias sobre o financiamento do arcabouço se mostraram impopulares: 53% foram contra acabar com a isenção das importações chinesas e 48% contra taxar apostas on-line.
A Genial/Quaest perguntou, por exemplo, qual a notícia mais negativa sobre o governo. As respostas foram espontâneas, sem ter alternativas prévias: 16% responderam sobre os impostos nas importações chinesas e 5% repetiram as fake news bolsonaristas de que Lula vai acabar com o Bolsa Família e legalizar o aborto.
É simplismo concluir que o problema do governo é apenas de comunicação. Nesses quatro meses, o presidente Lula gastou energia gerando tempestades contra o presidente do Banco Central, o senador Sergio Moro e, agora, criticando a ação americana na guerra da Ucrânia. Podia gastar mais tempo defendendo as medidas do seu governo.