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Thomas Traumann

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Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
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54% acham Lula bem-intencionado, mas 42% rejeitam presidente

Pesquisa Genial/Quaest mostra que país segue dividido; política externa é foco de críticas

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 Maio 2024, 23h36 - Publicado em 26 jun 2023, 12h13
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  • Um recorte da pesquisa Genial/Quaest ajuda a entender o grau de dificuldade de Lula em falar com os eleitores de Bolsonaro e as oportunidades desperdiçadas hoje. As perguntas parecem simples: o presidente é bem-intencionado? O presidente consegue entregar o que prometeu?

    Com menos de seis meses no cargo, em condições normais de temperatura e pressão, um presidente qualquer seria considerado bem-intencionado pela maioria e ainda reticente em cumprir suas promessas de campanha. A pergunta fica interessante quando se compara o resultado de Lula hoje com o de Bolsonaro em junho de 2019:

    Bolsonaro / Lula

    Bem-intencionado/Cumpre promessas. 21% e 38%

    Bem-intencionado/Não cumpre promessas. 32% e 18%

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    Mal-intencionado/Cumpre promessas. 25% e 2%

    Mal-intencionado/Não cumpre promessas 14% e 40%

    Não sabe/não respondeu 8% e 2%

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    Lula é visto como bom por 54%, mas apenas 38% dizem que ele entrega o que cumpre. No mesmo período, Bolsonaro era visto como benigno por 53%, mas entregador apenas por 21%. O ódio a Lula, no entanto, está mais sedimentado: no início do governo, 33% achavam Bolsonaro maléfico. Em Lula, são 42%. Os anti-Lula são maioria nos segmentos dos eleitores que ganham acima de 2 salários mínimos, com ensino superior, evangélicos e com idade entre 35 e 39 anos — um perfil similar ao que votou em Bolsonaro.

    Esses números mostram que existe uma parede para Lula. É altamente improvável que os 42% que o consideram maligno passem a apoiar o seu governo, já que este é um conceito emotivo, de quem realmente não gosta do presidente.

    Faltando 3 anos e 6 meses para o fim de mandato, Lula tem um apoio sólido de 38% (os que o consideram bem-intencionado e cumpridor de promessas) e a oposição de 40% (que o acham mal-intencionado). Onde está a oportunidade? Nos 18% que gostam de Lula, mas acham que o seu o governo não é tudo isso. É um grupo que se espalha em 20% na margem de erro por todas as faixas de renda, escolaridade, gênero, religião e região do país, mas no qual é possível identificar uma boa vontade com o presidente. Dos que gostam de Lula e esperam um governo melhor estão 21% dos próprios eleitores do presidente e 18% dos que hoje já aprovam o seu governo.

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    É um típico problema de comunicação. Existe um número expressivo de eleitores com boa vontade com Lula (uma característica emocional) e que aguardam fatos (informação racional) para aumentar a sua adesão.

    A mesma pesquisa mostrou que 35% dos entrevistados não conseguiam recordar de uma única notícia sobre o governo. Entre as notícias pelos demais, as positivas mostram ação direta do governo na vida das pessoas: queda no preço dos combustíveis (8%), decreto do piso dos professores (6%), melhora na economia (7%). Entre as negativas, 10% citaram o encontro com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A política externa, aliás, é um ponto crítico: 2% criticam Lula por viajar demais, 2% pelas declarações sobre a Ucrânia e 2% pelo anúncio de empréstimos à Argentina.

    Isso indica que Lula tem o potencial de ampliar a sua aprovação se centrar a agenda em mais ações que melhorem a vida das pessoas e menos temas externos.

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