O porto-riquenho Ismael Cruz Córdova tem uma conexão curiosa com o Brasil. Apesar de nunca ter visitado o país, ele conhece detalhes da cultura local e fala português. Muitas vezes confundido com brasileiros, ele conta que a primeira frase que aprendeu a falar na nossa língua foi: “não, eu não sou baiano”. “É muito comum pensarem que sou da Bahia”, disse ele em entrevista a VEJA. Esse pé no Brasil vai aparecer em seu personagem na série O Senhor dos Anéis: Os Anéis do Poder, em que interpreta o elfo Arondir.
O elfo é um guerreiro e arqueiro com habilidades físicas especiais. “Eu aprendi artes marciais e a usar arco e flecha, mas criei movimentos particulares para o papel”, conta ele. “Misturei movimentos do kung-fu e do taekwondo, e também da capoeira. Como é uma arte afro-brasileira e eu sou latino, quis trazer algo que representasse essa cultura.” Córdova teve aulas de capoeira com brasileiros na Nova Zelândia, onde a série foi gravada. “Eu aprendi mais um pouquinho de português nas aulas”, diz ele, em português.
O ator de 35 anos se mudou para Nova York aos 20, para investir na carreira de ator. Seus principais trabalhos antes de Os Anéis do Poder foram em séries elogiadas da TV americana, como Ray Donovan, Berlin Station e The Undoing. Quando conseguiu o papel de Arondir, o ator teve de enfrentar a reação racista daqueles que não aceitam um “elfo negro”. Sobre as reações e a nova fama conquistada com a série, Córdova se revela sóbrio e com os pés no chão. “Estou vivendo um dia de cada vez. Espero que as pessoas estejam dispostas a nos receber com o coração aberto. Mas nem todo mundo é assim. Então estou comprometido em continuar sendo autêntico e uma voz para as pessoas como eu.”