Nova série aguardada da HBO, The Idol tem como protagonistas o cantor — e também co-criador do programa — The Weeknd e uma notória “nepo baby”, as herdeiras de figurões de Hollywood: no caso, a atriz Lily-Rose Depp, filha de Johnny Depp e Vanessa Paradis. A produção ainda não tem data de estreia definida, mas já está causando alvoroço por seus bastidores para lá de conturbados. Cerca de treze profissionais relataram um clima pesado por trás das câmeras à revista americana Rolling Stones. Entre os absurdos estaria uma suposta romantização do estupro por parte da direção e roteiro de Sam Levinson, criador de Euphoria, outro hit da HBO. Pela sinopse, Jocelyn (Lily-Rose) é uma artista musical decadente que cai nas garras de Tedros (The Weeknd), líder de uma seita e dono de uma boate popular em Los Angeles.
The Idol havia sido encomendada para novembro de 2021, mas passou por uma reformulação quando tinha 80% das gravações finalizadas pela então diretora Amy Seimetz, que acabou substituída por Levinson. Na época, a HBO informava que a produção passaria por revisão. O novo showrunner refez a obra do zero, atrasando o lançamento. Co-criador da série, The Weeknd não gostava do fato de que The Idol estava ganhando uma perspectiva muito feminina, com a história centralizada em Jocelyn como vítima da indústria exploradora.
Sob o comando do diretor de Euphoria, a série teria pesado a mão no conteúdo sexual perturbador, principalmente na nudez. “O projeto que eu me inscrevi para trabalhar era uma sátira sombria da fama e do modelo de fama no século XXI. As coisas às quais submetemos nossos talentos e estrelas, as forças que colocam as pessoas no centro das atenções e como isso pode ser manipulado no mundo pós-Trump. Passou da sátira para a coisa que estava satirizando”, explicou um membro da produção. Houve relatos também de rascunhos de cenas glamorizando a violência, como uma em que o personagem Tedros bate no rosto de Jocelyn, que pede para ser espancada, deixando Tedros excitado. E outra com a jovem sendo obrigada por Tedros a carregar um ovo dentro de sua vagina e, caso quebrasse, o líder da seita se recusaria a estuprá-la — o que ela queria. As sequências foram descartadas, mas não por pudor com a correção política — aparentemente, somente devido à dificuldade para gravar o ovo sendo colocado na personagem.
Quatro fontes declararam que Levinson acabou descartando a abordagem de Amy Seimetz para a história, tornando-a menos sobre uma estrela problemática sendo vítima de uma figura predatória da indústria e lutando para recuperar sua própria imagem, e mais uma história de amor degradante com uma mensagem vazia que alguns membros da equipe descrevem como ofensiva. “Era como qualquer fantasia de estupro que qualquer homem tóxico teria. Abusa da mulher e então ela volta querendo mais porque isso torna sua música melhor”, explica outro produtor sobre a versão de Levinson.
The Weeknd e Sam Levinson não comentaram as declarações, mas Lily-Rose Depp elogiou o trabalho do diretor e disse que nunca “se sentiu mais apoiada ou respeitada em um espaço criativo, minhas contribuições e opiniões mais valorizadas”.