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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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O apelo indígena que pegou Luciano Huck de surpresa no Rio2C

Ativista subiu ao palco de evento durante painel da Globo apresentado pelo titular do 'Domingão com Huck'

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 jun 2024, 21h12 - Publicado em 5 jun 2024, 20h33
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  • Luciano Huck foi surpreendido durante o Rio2C nesta quarta-feira, 5, quando uma ativista indígena do povo Tupinambás de Olivença invadiu o palco de um painel da Globo para fazer um grande apelo ao apresentador. O apelo era em nome dos povos indígenas e até parecia parte do evento, entretanto, segundo a assessoria da emissora no evento, nada foi combinado. A indígena, que não se apresentou, aguardou pacientemente Luciano Huck, o diretor executivo da Globo e Estúdios Globo Amauri Soares e Manuel Belmar, diretor de produtos digitais e canais pagos da emissora, terminarem de falar de algumas das produções e novidades que a empresa pretende entregar neste ano. Entre os destaques, o trio falou de como a Globo está engajada em dar espaço para minorias no audiovisual, principalmente para pessoas negras como na série O Jogo que Mudou a História, que contará com 70% do elenco negro.

    “Luciano, por favor, é Dia do Meio Ambiente hoje. Eu sou Tupinambás de Olivença. Oito anos atrás eu fui demitida grávida, e você e sua mulher [Angélica] mandaram um quarto pra minha filha. E pouco depois eu fui posta para fora da casa e perdi meu esposo, assassinado. Eu Tupinambás de Olivença, o primeiro povo que teve contato. Vocês falaram de muitos aqui, e eu fiquei torcendo muito para que vocês falassem de nós, povos indígenas”, começou ela. 

    “Eu tenho a primeira agência de marketing digital social formada por mulheres indígenas, mas o meu convite [para o Rio2C] eu tive que correr atrás, porque ninguém sabe da minha história. Mas não é a minha história, é a história de 1% que são os indígenas hoje, mas nós somos os donos dessa terra, e nós não queremos invadir nem tomar terra de ninguém. Então, Luciano, eu quero te agradecer pelo que aconteceu oito anos atrás, quando você nos ajudou e pediu que a gente não falasse, mas aquela mulher desesperada, que foi demitida grávida e não sabia o que fazer, era uma mulher indígena, do povo Tupinambás de Olivença, o último povo a ser reconhecido e hoje tá trazendo o primeiro artefato repatriado indígena, que é o manto Tupinambá. O meu povo merece respeito”, continuou. “Não é porque a gente não tem o estereótipo indígena do Norte, que nós do Nordeste e do segundo estado que mais tem indígenas nesse país não merecemos o olhar da Globo e do Luciano Huck. E aí, Luciano, eu te pergunto, o povo Tupinambás de Olivença te pergunta: o que você tem a favor da gente e se você pode entrar nessa causa com a gente, a gente precisa de você”, concluiu a ativista. 

    Em resposta, Luciano Huck avisou que quem passou o microfone para a ativista falar foi Amauri Soares, que, segundo o apresentador, comanda a Globo. “Eu acho que o que aconteceu aqui é muito simbólico. Nesse palco, quem te entregou o microfone e reconheceu a sua voz foi quem toca a TV Globo hoje e sua voz será sempre ouvida, pode ter certeza, do fundo do meu coração, olhando no seu olho. Em nome da TV Globo, os povos indígenas originários são e serão respeitados, ouvidos e tendo sua voz reconhecida, então obrigado por compartilhar com a gente”, prometeu o titular do Domingão com Huck.

    Logo em seguida, a mulher entregou um livro de presente para Huck, e Amauri Soares se pronunciou. “Tudo que a gente falar e fizer é pouco perto da enorme reparação que nós temos que fazer como sociedade em relação ao seu povo, que é o nosso povo no final das contas, mas é pouco. Mas eu queria dizer que nós temos muito orgulho de estarmos há dois anos parando toda nossa programação em uma noite do ano para exibir o Falas da Terra, que é um conteúdo totalmente criado e produzido totalmente por criadores indígenas. Por causa do Falas da Terra nós conseguimos ter contato com criadores de televisão indígenas que hoje estão contribuindo e produzindo outros conteúdos pra gente. E desses filmes que eu falei que a gente vai entregar um [novo filme] por mês, um tá sendo escrito por um autor indígena e é uma visão indígena do Brasil de hoje. Nós estamos abertos, interessados e queremos andar junto com vocês. E assim será”, finalizou Soares.

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    O momento foi encerrado com aplausos da plateia e gritos de um outro ativista indígena: “Nunca mais um Brasil sem nós”.

    VEJA apurou que a ativista em questão é Jennyffer Bransfor, que fundou a agência BN Digital ao lado de Naiá Tupinambá.

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