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Luciano Huck e Ana Maria Braga criticam PL do Aborto ao vivo na Globo

Dois dos apresentadores mais importantes da emissora quebraram protocolo para rechaçar o projeto que quer igualar aborto a homicídio

Por Thiago Gelli Atualizado em 17 jun 2024, 13h53 - Publicado em 17 jun 2024, 11h28
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  • A programação da Globo tem dado pausas na leveza habitual para abordar diretamente a política. Durante o Domingão com Huck de 16 de junho, o apresentador Luciano Huck interrompeu a competição Dança dos Famosos para criticar o projeto de lei 1904/2024 — que ganhou nome viral de PL do Aborto —, iniciativa repetida por Ana Maria Braga no Mais Você desta segunda-feira, 17. O PL almeja igualar o aborto proposital a homicídio se feito depois de 22 semanas de gestação (cinco meses e meio) — até mesmo se for causada por um estupro. Se aprovada, a lei pode punir mulheres com seis a 20 anos de reclusão, intervalo maior que o implementado sobre estupradores, cuja pena vai de oito a doze anos de cárcere.

    O que Luciano Huck falou sobre a PL do Aborto?

    No programa, Huck disse ter se incomodado muito ao longo da semana com as notícias relativas ao PL. “Esse projeto cria uma situação absurda, independentemente das suas convicções políticas, morais ou religiosas”, disse. Em seu comentário, o apresentador, então, levantou o caso do homem preso em São Bernardo do Campo após ser visto abusando sexualmente de sua filha de 17 anos, internada em uma UTI. “Segundo esse projeto que vai ser votado, esse homem pode pegar uma pena menor do que a filha”, apontou, levantando a hipótese que a menina engravide e decida interromper a gravidez após o período de 22 semanas, “seja por demora na Justiça ou qualquer outro empecilho que uma vítima de abuso enfrenta hoje para ter acesso ao aborto legal”.

    Enfático, o apresentador reforçou: “Não é uma questão ideológica. É uma questão de lógica. Criança não é mãe. É muito cruel obrigar uma vítima de estupro a levar até o final uma gravidez. Queria me colocar ao lado dessas mulheres todas que foram vítimas de estupro e não devem ser vítimas de uma injustiça.”

    Para encerrar a fala, ele se dirigiu diretamente a Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados: “Nós respeitamos o Parlamento brasileiro, que foi eleito pelo povo brasileiro. Respeitamos todos os deputados presentes, mas, simplesmente, não é lógico. É, principalmente, cruel com as mulheres do nosso país”.

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    O que Ana Maria Braga falou sobre a PL do Aborto?

    Na manhã seguinte, Ana Maria Braga utilizou o Mais Você para também se opor ao projeto de lei, reforçando quão difícil é realizar um aborto legal antes do período determinado. “Não é fácil buscar caminhos, toma tempo. Muitas vezes, no país em que a gente vive, leva mais que 22 semanas, porque você não acha UPA, não acha quem faça e não acha agenda para os exames necessários”, disse. Sobrevivente do câncer, a apresentadora usou a Lei dos 30 Dias como exemplo, que determina que os exames para confirmação do diagnóstico sejam realizados em até 30 dias, mas, segundo ela, podem levar seis meses ou mais no sistema público de saúde.

    “Onde já se viu fazer um negócio desses? Onde a punição da vítima é maior que a do algoz, a de quem estuprou. Políticos, estamos na mão de vocês. A sociedade espera que esse projeto não seja aprovado sem uma discussão ampla. Ele representa uma tremenda injustiça. É fácil falar ‘entrega o filho para a adoção’, como escutei ontem, mas agora quero saber: e se fosse uma filha de vocês que estão votando nesse PL? Se fosse alguém da sua família? E se sua mulher fosse estuprada? Isso acontece todos os dias, só levantar quantos estupros e maus-tratos acontecem diariamente no Brasil”, completou.

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    Ainda sem data para ser votado, o projeto apelidado de “PL do Estupro” por seus opositores teve sua urgência aprovada na Câmara em 12 de junho. A iniciativa veio do deputado Sóstenes Cavalcante, pastor evangélico do PL-RJ próximo a Silas Malafaia. Em troca pelo apoio da bancada evangélica a sua reeleição em 2023, o presidente Arthur Lira já havia prometido colocar o aborto em pauta. No site da Câmara, uma enquete pública já bateu mais de 1 milhão de votos, dos quais 88% são totalmente contrários à lei.

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