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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming
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‘Heartstopper’ faz retrato açucarado das agruras da juventude LGBT

Com Olivia Colman no elenco, série britânica da Netflix retrata com leveza romance entre dois garotos no ensino médio

Por Marcelo Canquerino Atualizado em 22 abr 2022, 17h29 - Publicado em 22 abr 2022, 17h22

Charlie (Joe Locke) passou grande parte da vida escolar almoçando na sala de artes, o único lugar seguro em que ele tinha o mínimo de paz. Desde sempre os valentões fizeram de sua vida uma tortura — afinal, ele é o único gay assumido em um colégio só para garotos. Assim como nas tramas clássicas que compõem o filão de romances adolescentes, a vida de Charlie muda completamente quando Nick (Kit Connor), estrela do time de rugby, começa a sentar ao seu lado nas aulas e aos poucos os dois descobrem que se gostam em um patamar acima dos que são meros amigos. Dentre o emaranhando de produções juvenis que surgem aos montes no streaming, Heartstopper, que chegou à Netflix nesta sexta-feira, 22, faz um retrato açucarado sobre o turbilhão de sensações tão característico da adolescência.

Ambientada no Reino Unido, a série é baseada na graphic novel homônima de Alice Oseman, que na produção atua como roteirista e supervisora de detalhes, como figurino e elenco. Responsável por aprovar os atores para cada papel, a autora trouxe uma grata — e potente — surpresa: a presença de Olivia Colman, que interpreta a mãe de Nick. Apesar de sua breve participação, que acontece em momentos pontuais ao longo dos oito episódios, a atriz representa o time de mães carinhosas e compreensivas, que apoiam e são verdadeiras amigas de seus filhos — independente de orientação sexual ou qualquer outra característica.

Apostando na delicadeza, a história foge do estereótipo comum de narrativas LGBTQIA+: o do romance fadado ao fracasso recheado de drama e sofrimento. O romance entre Nick e Charlie floresce em um ambiente crível para garotos do ensino médio. Entre idas ao boliche, cinema e encontros para tomar milkshake, os dois passam a se afeiçoar de maneira natural — indo na contramão de histórias como a ótima Euphoria e a vergonhosa Elite, que observam um recorte da juventude repleto de drama, drogas, sexo e violência.

Além de retratar a descoberta da sexualidade de Nick, que passa a se identificar como bissexual, a produção também transita pelo cotidiano de outros personagens, desde um casal de lésbicas até o típico valentão homofóbico. O vilão, contudo, não estraga o clima leve da trama: apesar dos percalços que a comunidade LGBTQIA+ enfrenta, a série crava que o conceito de “felizes para sempre” é direito de todo tipo de casal.

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