Uma das séries mais vistas da Netflix nesta semana, A Diplomata segue a recém-empossada embaixadora americana no Reino Unido, Kate Wyler, na tentativa de esclarecer a explosão de um porta-aviões britânico na costa do Irã, e evitar uma guerra entre as nações. Inteligente e sagaz, a trama, que não economiza nos momentos cômicos, é totalmente ficcional, mas o pano de fundo geopolítico permite alfinetadas, em maior ou menos grau, em figuras reais. Confira a seguir:
A realidade paralela da Inglaterra
Assim que chega à Inglaterra, trajada em terninhos elegantes, mas um tanto puídos, Kate é alertada de que deveria trocar suas roupas por vestidos adequados a aparições públicas. Ela também é colocada em uma carruagem nada moderna, e precisa posar de boa moça e cumprir uma série de protocolos antiquados enquanto tenta evitar uma guerra. Com isso, a produção pinta o Reino Unido como uma espécie de “universo paralelo”, onde a tradição e as regras de etiqueta estão acima de tudo, até mesmo de uma crise política.
Casal poderoso à la os Clintons
O pano de fundo sério da produção é permeado pela relação irresistivelmente cômica de Kate com o marido, Hal Wyler (Rufus Sewell), de quem ela estava determinada a se divorciar antes de ser nomeada embaixadora. Diplomata de carreira, Kate ficava em segundo plano, com Hal à frente da influência política do casal. Quando ela assume a embaixada do Reino Unido, Hal vira “a esposa da embaixadora” e precisa aprender a ficar nas sombras da mulher. Em entrevista à revista Vanity Fair, a criadora Debora Cahn revelou que a relação ficcional é inspirada em uma série de pessoas, incluindo o poderoso casal real Bill e Hillary Clinton.
Presidente idoso, um aceno a Joe Biden
Em um dado momento da produção, Kate precisa convencer o presidente americano, na série nomeado como William Rayburn (Michael McKean), a não demonstrar apoio ao Reino Unido em uma acusação contra o Irã. Inseguro, o político afirma que todos estão esperando para ver se ele fará valer o “um ataque a um é um ataque a todos” que ele disse após a invasão russa da Ucrânia. “Você não está fazendo isso para recuperar nossa reputação. Você teme que seus inimigos te achem velho e frágil demais para liderar os Estados Unidos em um combate”, acusa ela, citando piadas sobre uma suposta incontinência urinária do presidente, que aparenta ser uma referência nada sutil a Joe Biden. Hoje com 80 anos, Biden, o político mais velho a assumir a Casa Branca, é questionado desde o início pela idade avançada.
Primeiro Ministro inglês narcisista, quase uma regra
Com uma áurea de despreocupado e fanfarrão, o primeiro-ministro britânico, Nicol Trowbridge (Rory Kinnear), não parece se importar com qual país de fato é responsável pelo ataque que inicia a trama. Na verdade, Kinnear quer mostrar ao público que não é o tipo de líder que leva desaforo para casa, mesmo que tenha que começar uma guerra sem fundamentos. Na imprensa britânica, o jeito despojado e nada requintado do personagem foi comparado a uma mistura certeira de Tony Blair e Boris Johnson.
Quem é o brasileiro presunçoso?
Em uma conversa com o presidente americano, Kate cita “aquele brasileiro presunçoso” que teria reavido rumores sobre a incontinência urinária do presidente americano ao perguntá-lo repetidamente se ele gostaria de ir ao banheiro durante uma reunião do G20. A série não cita nomes, mas Jair Bolsonaro, então presidente do Brasil, encontrou Biden na reunião do grupo em 2021. Posteriormente, o brasileiro disse que o americano agiu como se ele não existisse, e que este foi o tratamento com todo mundo. “Não sei se é da idade”, disse ele.