Conheça a estrela não-binária que vive Rhaenyra Targaryen adulta
Emma D'Arcy assume o papel da herdeira do Trono de Ferro em 'A Casa do Dragão', série derivada de 'Game of Thrones'
O ano era 2020 e milhares de estabelecimentos estavam de portas fechadas por causa da pandemia de coronavírus. Nesse cenário caótico, Emma D’Arcy gravava em seu apartamento testes para o que achava ser uma nova série de fantasia. Em determinado momento, os produtores pediram para que D’Arcy, que ostenta madeixas curtíssimas, gravasse com uma peruca — queriam ver como ficaria com uma longuíssima cabeleira loira. Com tudo fechado na rua, improvisou o visual reciclando extensões capilares de um um antigo trabalho. O esforço compensou e D’Arcy conquistou o papel, mas não para uma série qualquer: a personagem em disputa era, na verdade, Rhaenyra Targaryen, herdeira do Trono de Ferro em A Casa do Dragão, aguardada série derivada de Game of Thrones. Vivida por Milly Alcock na primeira metade da produção, a protagonista passou a ser interpretada por Darcy a partir do episódio desse domingo, 25, após um salto temporal de 10 anos na trama.
Rosto desconhecido do grande público, Emma D’Arcy, 30 anos, se identifica como pessoa não-binária — o que significa que sua identidade de gênero não se encaixa nas definições tradicionais de feminino e masculino. No inglês, utiliza os pronomes They/Them, traduzidos para o português como elu/delu. Natural da Inglaterra, começou a carreira no teatro, após se formar na conceituada Escola Ruskin, em Oxford. Nos palcos, assumiu uma série de produções, de Romeu e Julieta a The Games We Played. Foi na televisão, porém, que se apresentou ao público como artista: em 2018, viveu a jovem Naomi Richards em Wanderlust, drama co-produzido pela BBC e pela Netflix. Pouco depois, em 2020, assumiu o papel de Sonia Richter no drama de ficção científica Hanna, do Amazon Prime Video. Recentemente, esteve no cinema com participações em O Domingo das Mães e Misbehavior.
Nenhum outro trabalho, porém, foi tão grandioso para sua carreira como o que se desenha para Rhaenyra Targaryen. Nomeada como herdeira pelo pai, a protagonista da trama precisará lutar contra o machismo dos Sete Reinos e a própria família para assumir seu lugar no trono, até então ocupado apenas por homens. Determinada e rebelde, a princesa comunga com D’Arcy o desagrado com as convenções de gênero. “Rhaenyra não se sente confortável em seu gênero, pois o poder que recai sobre ela é contestado pelo fato de ser uma mulher. Ela nota a dinâmica dos gêneros nas esferas de poder e a potência da masculinidade. Logo, deseja o mesmo reconhecimento genético dos homens”, disse em entrevista a VEJA.
Fruto da relação de Sally Elizabeth e Richard John D’Arcy, Emma cresceu em uma família fortemente ligada à igreja espiritualista. “É como ir a um culto, mas ao invés de uma pessoa falando por horas há um médium que comunga com pessoas falecidas por 40 minutos”, disse em entrevista ao site Hey U Guys. Embora não frequente a igreja hoje em dia, D’Arcy revelou que segue com a mente aberta para a religião. “Minha avó faleceu há alguns anos, e ela era totalmente adepta ao espiritualismo, então estarei sempre disponível para visitas”, explicou. Também na infância, desenvolveu uma afeição especial pela ficção científica. “Meu pai era completamente viciado em ficção científica. Em grande parte, foi a minha entrada ao universo das histórias”, confessou. Agora, Emma encara o maior desafio de sua carreira — e começa com a força de um dragão.