As investidas nacionais da Disney+: até novelas na mira do Mickey?
Em entrevista a VEJA, executiva à frente dos projetos brasileiros conta os planos da gigante do streaming para o país - e não descarta os folhetins

No final de maio, a Disney+ lançou a primeira série nacional original da plataforma, a adolescente Tudo Igual… SQN. Trazendo sua tradição de histórias para o streaming em âmbito local, a gigante do entretenimento anunciou recentemente uma série de produções nacionais a serem lançadas até o primeiro semestre de 2023. Incluem-se aí títulos dos mais diversos gêneros, como o musical O Coro: Sucesso, Aqui Vou Eu, de Miguel Falabella, a ficção científica Mila no Multiverso, protagonizada por Malu Mader, e a fantasia A Magia de Aruna. “São histórias universais, mas com uma linguagem e visual local”, explicou a VEJA Cecilia Mendonça, vice-presidente de produções originais do Disney+. À frente das produções nacionais da plataforma, Cecilia falou a VEJA sobre os planos da Disney para o futuro, e não descartou as novelas dos planos do streaming. Confira a entrevista:
A Disney lançou no final de maio Tudo Igual Só Que Não, a primeira série original brasileira da plataforma. Como tem sido esse processo de se aproximar de histórias locais? Tem sido muito legal. Lançamos a série no dia 25 e temos tido um ótimo feedback do público. Espero que isso se reflita em números para a plataforma, e temos muitas expectativas para o lançamento global, porque é um projeto com potencial de funcionar em outras regiões do mundo. É um primeiro passo na plataforma e espero que isso abra portas para outros conteúdos em diferentes regiões do Brasil.
Você está à frente do Disney+, mas também já esteve no Disney Channel. A Disney tem um histórico de produções locais na televisão fechada, como isso muda no streaming? É uma loucura. Nós tínhamos um projeto muito grande por ano, com foco em franquia, e que exigia muita dedicação só para ele. Agora, temos muito mais conteúdos, e algumas possíveis novas franquias. É um desafio, mas abre portas para uma maior diversidade. Agora, podemos ter conteúdos de diferentes gêneros e lugares, como Mila, que é um sci-fi, e Coro, musical com o Falabella. É incrível conectar uma marca mundial com histórias locais e apresentar ao mundo o que temos no Brasil.
Vocês tem a intenção de focar em um gênero ou público específico, dado o histórico da Disney com o público jovem? Nós temos planos estratégicos. Queremos crescer sempre, e o mercado obriga todo mundo a produzir mais e mais. Sempre teremos o desafio de que o conteúdo nacional que mais atrai o público é a novela. Existe uma busca muito grande por esse formato entre as plataformas, e isso é super válido. Nós não vamos deixar passar essa oportunidade, mas também precisamos dar chance para formatos que o público não está acostumado a ver e respeitar como conteúdo nacional. Temos vários gêneros em mente, e a novela é um gênero a ser considerado. Mas é tudo muito novo. Lançamos a primeira produção local agora. É algo que vai se transformando com as informações que chegam.
A Disney é uma empresa global, qual o tamanho e a importância do mercado nacional para a plataforma? O Brasil é uma prioridade. É um dos mercados principais para a plataforma, tem um peso enorme na América Latina. É a primeira vez que temos tanta oportunidade de contar histórias brasileiras.
Além de vocês, outros serviços de streaming, como a Netflix e a HBO vêm investindo mais forte em produções nacionais. Como avalia esse movimento? É uma oportunidade incrível e precisamos saber usá-la muito bem. No caso da Disney, é a chance de misturar talentos locais com uma marca global. Não adianta fazer algo que não tem nada a ver com a marca e colocar só uma etiqueta, porque o público sente. É construir junto e elevar esses conteúdos a um nível que funcione localmente, mas que seja respeitado e compreendido em todo o mundo.