Desvendar relações ocultas entre palavras é um dos grandes prazeres da etimologia. Por exemplo, a íntima ligação que existe – ou existiria, segundo uma tese de respeito, pois não estamos falando de ciência exata – entre a gaita e a cabra.
A palavra gaita, nome daquele instrumento musical que todo mundo conhece, tem como acepção menos usada a de acordeom. É neste sentido que o filólogo catalão Joan Corominas, um dos grandes nomes da especialidade, encontra o étimo de gaita num termo do gótico, antigo idioma que era falado pelos godos: gaits, “cabra”, da mesma matriz germânica em que o inglês foi buscar goat.
Palavra do século XIV que, “oriunda do castelhano e do galego-português”, se estendeu “da Península Ibérica à África, chegando à Turquia e à Europa oriental”, segundo Corominas, gaita se ligaria a gaits pelo fato de que seu fole era feito de couro de cabra.
Nem todos os estudiosos aceitam a tese, mesmo que sejam incapazes de providenciar outra. Mas que ela é curiosa, é.