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Política com Ciência

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A partir do que há de mais novo na Ciência Política, este blog do professor e pesquisador da FGV-RJ analisa as principais notícias da política brasileira. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.
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A lista simplista de Moro sobre práticas éticas

Sergio Moro está perdendo a oportunidade de liderar um movimento por mais transparência nas agendas públicas dos ministros

Por Sérgio Praça Atualizado em 4 jun 2024, 16h36 - Publicado em 7 abr 2019, 15h24
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  • O ex-juiz e ministro da Justiça Sergio Moro sucumbiu à peer pressure do governo e criou uma conta no Twitter. O ministro mais popular do gabinete de Bolsonaro (59% de aprovação, conhecido por 93% dos respondentes de uma pesquisa Datafolha agora tem uma plataforma para se comunicar diretamente com os cidadãos. É uma boa iniciativa – quanto mais os ministros dizem e escrevem o que pensam, melhor. Ministros como Paulo Guedes, da Economia, e Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, não fogem de polêmicas. Isso se reflete em suas taxas de conhecimento pela população – Guedes é conhecido por 74% e aprovado por 30%, enquanto 35% conhecem Araújo e 13% consideram seu desempenho “ótimo” ou “bom”.

    Diante disso, Moro tem crédito para inovar no ministério e na comunicação com o público.

    Mas seus primeiros tweets decepcionam. Em 6 de Abril, lançou uma “campanha interna para reforçar práticas éticas entre os servidores [do Ministério da Justiça e Segurança Pública]”.  

    São dez mandamentos categóricos (entre parênteses, o número de curtidas recebido por cada mensagem até a tarde de 7 de Abril):

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    1) Todos somos responsáveis pela integridade, reputação e imagem do Ministério. (11 mil)

    2) O combate à impunidade é nosso dever. (12 mil)

    3) A transparência é a nossa regra, sigilo é exceção. (12 mil)

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    4) O Poder público não é um negócio de família. (14 mil)

    5) Respeite o colega de trabalho. Trate todos com urbanidade. (12 mil)

    6) O interesse público deve sempre prevalecer. (12 mil)

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    7) Nós não devemos receber presentes ou qualquer outra vantagem pessoal. (14 mil)

    8) Se tiver que escolher entre o fácil e o certo, opte pelo certo. (17 mil)

    9) A sociedade quer ação do agente público, nunca acomodação. (21 mil)

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    10) Participe da gestão do ministério. A Ouvidoria é o nosso canal. (21 mil)

    São sentenças que qualquer um poderia ter escrito. Alguém discorda, no discurso, de que “o poder pública não é um negócio de família”? Que “o interesse público deve sempre prevalecer”? Ou que entre o fácil e o certo, deve-se optar pelo “fácil”?

    As duas frases com algo de substantivo – uma que trata de presentes para agentes públicos, outra que fala do sigilo como exceção – são obviedades que já estão nas leis. E a transparência no ministério (e em outros também) tem muito a ser melhorada.

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    Dou exemplos. De acordo com a agenda oficial do ministro, na última quinta-feira ele se reuniu às 10h15 com o deputado federal Daniel Freitas (PSL-SC). Sobre o que conversaram? A sociedade não precisa saber todo o conteúdo da conversa, mas seria desejável ter acesso à pauta da reunião. São dois servidores públicos.

    Na terça-feira, 2 de Abril, consta um compromisso oficial na agenda do ministro: palestra em um seminário sobre segurança às 13h. Nada além disso. O que mais o ministro fez naquele dia?

    Em 6 de março, uma quarta-feira, sua agenda indica apenas “reuniões e despachos internos”. Com quem? Sobre o que?

    O ministro faria bem em reler – e seguir – seu terceiro mandamento.

    (Entre em contato pelo meu site pessoal, Facebook e Twitter)

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