Musa do outono brasileiro e salvadora da pátria aos olhos do presidente, a cloroquina acumularia cada vez mais feitos históricos. Bolsonaro faz circular pelo Planalto a tese de que a substância teria acabado com as pragas do Egito e com a peste negra do século XIV. Segundo ele, Jesus ressuscitou por causa da cloroquina. E isso só ocorreu no terceiro dia porque médicos pouco humildes não quiseram prescrevê-la antes.
O presidente acredita que a cloroquina também poderia ter evitado o 7 a 1 da Alemanha e a perda da Copa do Mundo de 98 para a França. “Por que não deram logo esse remédio pro Ronaldo Fenômeno?” Agora Bolsonaro tenta convencer Paulo Guedes a fazer a reforma da cloroquina para curar os males da economia nacional. O Posto Ipiranga ficou de pensar.
Publicado em VEJA de 15 de abril de 2020, edição nº 2682