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Resposta rápida faz diferença na paquera virtual, mostra estudo

Pesquisadores da UFRGS investigam como aplicativos de relacionamentos impactam a dinâmica amorosa

Por Paula Sperb
Atualizado em 4 jun 2024, 17h28 - Publicado em 4 Maio 2018, 19h03
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  • Se antigamente cartas e flores eram mais comuns durante a conquista do par amoroso, hoje uma “curtida” em uma foto de rede social pode substituir o galanteio de outrora. As mudanças resultam não só dos avanços tecnológicos, mas também das transformações sociais. Por isso, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) estão investigando como aplicativos e outras plataformas digitais afetam a paquera.

    “O amor ‘romântico’ não morreu, mas está se reajustando, se reconfigurando. Essa é a hipótese da pesquisa. Queremos mapear esse comportamento”, disse a VEJA Ricardo Fernandes, doutorando do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Informação da UFRGS, que conduz a investigação. O trabalho é orientado pelo professor Alex Primo, coordenador do Laboratório de Interação Mediada por Computador (LIMC).

    Resultados preliminares de questionário aplicado a 565 pessoas revelam a importância de fotos, interesses em comum, comentários e respostas nas interações por meio de aplicativos como o Tinder e Happn, entre outros. A pesquisa anônima pode ser respondida até junho. Depois, em uma segunda etapa, serão realizadas entrevistas presenciais com voluntários de Porto Alegre. Até o momento, a maioria daqueles que responderam tem entre 21 e 26 anos de idade (36,5%) – os demais têm entre 27 e 32 anos (35,4%) e 33 e 38 anos (17,7%).

    Para a maior parte das pessoas, a velocidade da resposta do outro faz diferença na paquera virtual. Quando questionados sobre o que “faz perceber de modo mais evidente que o outro está interessado em você” durante uma conversa online, 42,3% responderam que “responder rapidamente às mensagens”. Em seguida, afirmaram que “prestar atenção aos detalhes do que é dito” (40%) e “elogia as fotos ou qualquer informação do perfil do usuário” (12%).

    Se a pergunta é invertida para revelar como se deseja expressar o interesse em alguém, as respostas mudam um pouco. Porém, a velocidade da resposta ainda tem peso. A maioria demonstra interesse ao “prestar atenção aos detalhes do que é dito (41,4%), seguido por “responder rápido às mensagens” (37%) e “elogia as fotos ou qualquer informação do perfil do usuário” (15,1%).

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    Quando algum perfil chama atenção ou “combina” com o próprio perfil, a maioria respondeu que “toma iniciativa” (57,1%), seguido por “espera o outro tomar iniciativa” (42,9%).

    “Existe uma nova dinâmica. Se antes, para conhecer pessoas tinha que sair de casa, se arrumar, se produzir, agora isso ocorre em outros espaços, de maneira online. O ‘se arrumar’ passa a ser postar uma boa foto, publicar uma boa descrição de si mesmo”, explica Fernandes.

    A foto de perfil chama atenção dos pretendentes, mas segundo aqueles que responderam ao questionário, não é o fator mais importante. A pesquisa mostra que as preferências e gostos destacados no perfil chamam atenção de 34,2% enquanto as fotos chamam mais atenção de 29,8%, seguido por características físicas (7%).

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    Esse resultado pode apontar para uma tendência de busca de relacionamentos mais sérios, em que as preferências pessoais são fatores que facilitam ou dificultam um relacionamento, sendo mais relevantes que a aparência. Primo relata uma experiência durante uma disciplina de graduação ministrada por ele na UFRGS em que os alunos precisavam desenvolver a ideia de um aplicativo. “Um grupo optou por um app para encontros. Porém, sem ver a foto ou o rosto, sem saber quem é a pessoa. O foco deles era a conversação. Primeiro, conversar; depois, ver quem é. São jovens que gostariam que existisse um aplicativo assim”, contou o professor.

    Segundo Primo, não é por ser virtual que a paquera não é de verdade. “Internet também é mundo real. A diferença é que há relação online e offline. Alguns comportamentos são pertinentes na internet, mas não são pertinentes fora. No Tinder, alguns comportamentos são aceitos e esperados enquanto no Linkedin poderiam ser vistos como assédio ou grosseria”, disse o professor à reportagem.

    Essas mudanças comportamentais, entretanto, não são consequência exclusiva da tecnologia, mas de modificações sociais. “A tecnologia mudou, avançou e permite interações, mas o próprio mundo mudou. Costumo provocar os alunos com um exercício. Peço que imaginem que em 1930 existia o iPhone 10. Se também existisse o Tinder, ele faria sucesso? O aplicativo faria sentido? Não faria porque os hábitos, as relações, os namoros eram diferentes. O Tinder não existiria”, explica Primo.

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