As coisas não vão bem para o governo: a popularidade de Lula está caindo, a situação econômica está ruim e a relação com o Congresso está pior.
Como reage Lula?
Bota a culpa nos outros. Deu uma bronca pública em seus ministros por supostamente não se relacionarem com o Congresso tanto quanto deveriam. Injusto, incluiu os ministros que mais articulam no Congresso (Fernando Haddad, Rui Costa) — e deixou de fora quem mais mereceria a descompostura: Alexandre Padilha, que é responsável pela articulação e foi chamado de desafeto e incompetente pelo presidente da Câmara.
Valoriza a própria imagem. Em café da manhã com jornalistas, falou bem de si mesmo, de seu governo, de seus programas. Não saiu do palanque.
Queixa-se da imprensa. Suavemente, para não melindrar os jornalistas, reclamou do destaque que a bronca mereceu na mídia e do suposto pequeno destaque que vêm tendo os programas anunciados pelo governo.
E reclama do mercado. Espinafrou quem afirma que a ideia de Lula e do PT de que “despesa é vida” e cortar gastos é para os fracos, tem consequências.
De bom, Lula rememorou um encontro com jornalistas há muitos anos, que teria sido muito instrutivo. “A lição que eu aprendi é que se a gente não quer uma manchete negativa, a gente não pode dar pretexto para tal manchete. Então, é preciso que a gente pense o que vai falar, porque tudo que a gente vai falar pode virar manchete”.
A lição é boa, mas Lula não parece tê-la aprendido de verdade. Suas muitas e frequentes declarações impensadas têm rendido uma enorme quantidade de manchetes negativas.
Se algum dia aprenderá a lição de que gastar mais do que pode alimenta a inflação, derruba a bolsa e eleva o dólar, não se sabe.
Estima-se que aprenda as lições. Logo.
(Por Ricardo Rangel em 24/04/2024)