Último mês: Veja por apenas 4,00/mês

APURAÇÃO DAS ELEIÇÕES 2024

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

O que a França de Macron tem a ver com o Brasil de Lula

A extrema direita representa uma ameaça séria, que precisa ser tratada com a devida seriedade

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 jul 2024, 21h33
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva (L) and French President Emmanuel Macron chat during the launch of the Tonelero submarine at the Itaguai naval base in Itaguai, Rio de Janeiro State, Brazil, on March 27, 2024. President Emmanuel Macron told Brazil Wednesday France was "at your side" as the country seeks to develop nuclear-powered submarines, but without announcing specific collaboration on nuclear propulsion technology that Brasilia has pushed for. Macron was speaking during a ceremony to launch Brazil's third French-designed submarine, which will help secure the country's long coastline, dubbed the "Blue Amazon." (Photo by Pablo PORCIUNCULA / AFP)
    Lula e Emmanuel Macron têm problemas e responsabilidades parecidas (Pablo Porciuncula/AFP)

    No último domingo, os franceses acorreram às urnas e evitaram o desastre. O Reunião Nacional, da extremista de direita Marine Le Pen, que havia vencido no primeiro turno, desta vez ficou em terceiro lugar. A esquerda venceu, seguida pelo grupo de Macron. O alívio entre os democratas foi geral.

    Afora o desastre ter sido evitado, no entanto, não há tanto a comemorar — mas muito sobre que refletir. Tanto lá como cá.

    Na França, a extrema direita foi derrotada porque formou-se uma frente com gente de todo tipo para evitar o mal maior, Le Pen. Aqui, muita gente que detesta o PT aceitou votar em Lula para evitar o mal maior, Jair Bolsonaro.

    Na França, a frente é um saco de gatos que não se entendem bem, e mesmo a esquerda, dividida entre radicais e moderados, não se comunica consigo mesma. Com pouco apoio no Congresso e sem saber bem para onde ir, Macron terá dificuldades para governar.

    Aqui, Lula venceu porque obteve um apoio espontâneo de forças democráticas que vão da centro-direita à esquerda independente, sem costura de uma aliança real: não há projeto comum, nem compartilhamento de poder. Lula fez questão de transformar gente importante para sua eleição, como Alckmin, Marina e Simone, em figuras decorativas. Sem apoio no Congresso, Lula tem dificuldades para governar.

    Continua após a publicidade

    Na França, um dos principais vitoriosos, Jean-Luc Mélenchon, foi para a rua e liderou um coro que entoou a Internacional, o principal hino socialista. Aqui, Lula, que já comemorou a nomeação do “comunista” Flavio Dino para o Supremo, acaba de declarar-se “o povo na presidência”. Não é o tipo de atitude de gente que quer construir pontes.

    Cabe aos partidos democráticos desmascarar a extrema direita e mostrar ao eleitorado o perigo que ela representa. A direita democrática deve se afastar do extremismo da direita hidrófoba. A esquerda precisa reconhecer que as duas direitas são diferentes e dialogar com a banda democrática, de forma a barrar a banda podre.

    Nenhuma das duas coisas está acontecendo. A direita democrática, com medo de perder votos, se abraçou ao bolsonarismo. A esquerda joga ambas no mesmo balaio extremista, como se fossem idênticas.

    A extrema direita, tanto na França no Brasil, continua forte e está em boa medida “normalizada”. Nessas condições, é erro grave acreditar que é possível vencê-la nas urnas indefinidamente. Se as forças democráticas não pararem de brigar entre si, se não trabalharem juntas em prol da democracia, mais cedo ou mais tarde a extrema direita vencerá (no Brasil, de novo).

    Continua após a publicidade

    É questão de tempo.

    “Nossa vitória apenas foi adiada”, declarou Le Pen, lembrando que o partido dobrou seu número de deputados.

    (Por Ricardo Rangel em 08/07/2024)

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.