O bolsonarismo quer mulher em casa, recatada e obediente, cuidando das crianças, e despreza as empoderadas e as feministas. Quanto às outras minorias, bom mesmo seria que não existissem: quer que indígena vire gente “normal” e comemora quando a polícia “cancela o CPF” de vagabundo (nome carinhoso pelo qual chama pobres e negros indistintamente).
O bolsonarismo tem particular horror e medo de integrantes da comunidade LGBT. Tem repulsa pela arte, que quer domesticar. E considera que os símbolos da Pátria não pertencem aos brasileiros em geral, mas somente aos brasileiros patriotas — e, no seu entender, só os bolsonaristas são patriotas o suficiente para usá-los.
Madonna é a mulher mais empoderada do mundo e a artista mais bem sucedida de seu tempo. É bilionária, mãe solteira e nunca dependeu de homem. É extravagante, irreverente, impudente (e imprudente). Provocante, sempre foi hipersexualizada e umbilicalmente conectada à cena LGBTQIA+.
Madonna é a perfeita representante de tudo o que o bolsonarismo detesta.
No sábado, a mulher perfeita fez, como de hábito, um show provocador e com forte apelo sexual. Levou para o palco a cantora Anitta (negra, empoderada, ultrassexualizada e oriunda da favela) e Pabllo Vittar (gay e drag queen). E botou todo mundo para usar os símbolos e as cores do Brasil, restituindo ao povo aquilo que é seu de de direito.
Os bolsonaristas não devem ter gostado nada, nada.
(Por Ricardo Rangel em 06/05/2024)