Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Hora de escapar da água quente

Os generais de Bolsonaro não percebem o risco que correm

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h42 - Publicado em 8 Maio 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Sergio Moro declarou que os ministros Heleno, Ramos e Braga Netto estavam presentes quando Bolsonaro o ameaçou de demissão se não nomeasse um amigo do presidente para a Polícia Federal. Celso de Mello determinou à PF que ouça os ministros militares e ao Planalto que entregue o vídeo da reunião em que teria ocorrido a ameaça.

    Se Moro diz a verdade, os generais têm um problema. Se confirmarem a história de Moro, serão desleais ao chefe, tornarão a denúncia contra Bolsonaro quase inevitável e inviabilizarão o governo — e ainda se arriscarão a ser processados. Se desmentirem Moro, e ficar provado que mentiram, terão sido coniventes com o chefe, e é quase certo que serão processados. Se calarem, admitirão que Bolsonaro é culpado.

    ASSINE VEJA

    Quarentena em descompasso
    Quarentena em descompasso Falta de consenso entre as autoridades e comportamento de risco da população transforma o isolamento numa bagunça. Leia nesta edição ()
    Clique e Assine

    Se o Planalto entregar o vídeo e ele contiver o que Moro diz, é prova de que Bolsonaro tentou interferir na PF, e a denúncia será quase inevitável. Se não entregar (há quem diga que foi apagado), isso pode ser interpretado como obstrução de Justiça, e os responsáveis, processados.

    No pronunciamento em resposta a Moro, Bolsonaro contou que determinou à PF que interrogasse o assassino de Marielle Franco e que teve acesso ao relatório resultante. Admitiu sua culpa e, quando a polícia descobrir como a interferência se deu, a denúncia será quase inevitável.

    Continua após a publicidade

    O presidente cria uma crise atrás da outra, e cada uma delas alimenta a crise principal, a da governabilidade

    Bolsonaro tem outros problemas. As mortes por Covid-19 se multiplicarão, e Nelson Teich está tonto; a recessão se aprofundará, e Guedes resiste a soltar o dinheiro. O inquérito das fake news deve pegar os filhos Carlos e Eduardo, o inquérito das rachadinhas, que corre na Justiça do Rio, deve pegar seu filho Flávio — e haverá estilhaços para o pai.

    O risco que Bolsonaro corre não o tornou mais prudente, pelo contrário. Ele compareceu a um comício ilegal, deu declarações golpistas, afirmou que as Forças Armadas o apoiam. Quase insistiu na nomeação de Alexandre Ramagem para a diretoria da PF, fez a molecagem de nomear seu segundo — que imediatamente desocupou a superintendência do Rio de Janeiro (aquela em defesa da qual Sergio Moro caiu), ato que foi interpretado como confirmação da denúncia de Moro. E agrediu, aos gritos, jornalistas.

    Continua após a publicidade

    Bolsonaro cria uma crise atrás da outra (sobrou até para Regina Duarte!), e cada nova crise alimenta a crise principal, a da governabilidade. O desgaste aumenta, a popularidade cai, fica mais difícil barrar o impeachment, o preço do apoio do Centrão sobe, o desgaste aumenta mais, a popularidade cai mais… É um círculo vicioso. Já vimos o filme com Collor e com Dilma, sabemos que acaba em impeachment.

    A diferença, agora, é que o capitão tem uma fieira de generais, a quem trata como se fossem o sapo da anedota, que não percebe a temperatura da água subindo e morre cozido. Bolsonaro tenta envolver os generais em suas confusões, de maneira que sua eventual queda os arraste junto. E que, para não serem arrastados, os generais virem a mesa e o mantenham no cargo.

    Em breve, haverá a oitiva determinada por Celso de Mello: se os generais quiserem escapar da água quente, a hora é essa.

    Publicado em VEJA de 13 de maio de 2020, edição nº 2686

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.