Corruptos e tabajaras
O grau de amadorismo e de imperfeição do esquema de corrupção na Covaxin demonstra que a certeza da impunidade é absoluta
A empresa que deu garantia para a compra das vacinas Covaxin (nunca entregues) se chama FIB Bank… mas não é banco. O nome é para enganar trouxa.
O contrato de compra das vacinas é de 25 de fevereiro, mas a carta de garantia é posterior, de 17 de março (exatamente a data em que o funcionário Luís Ricardo Miranda começou a bater bumbo contra irregularidades).
A garantia foi de 1,6 bilhão, mas o faturamento do FIB Bank é de menos de 1 milhão.
O capital social do FIB Bank é de 7,5 bi, mas 90% disso são em terrenos que não existem nem nunca pagaram IPTU.
O FIB Bank pertence a duas empresas, uma das quais é de dois laranjas pobres que já morreram, um dos quais tem uma filha e herdeira que nunca ouviu falar na empresa.
O FIB Bank deu calote em pelo menos 25% das garantias que concedeu e foram executadas.
O presidente do FIB Bank diz não conhecer o dono da Precisa, a quem deu uma garantia equivalente a mais de 25% do capital de sua empresa e 1.500 vezes seu faturamento. Diz que quem concedeu a garantia foi o diretor comercial.
O presidente do FIB Bank mora em um apartamento de “400, 500 mil reais”, mas só sabe explicar uma remuneração de 4 mil por mês.
O presidente do FIB Bank é sócio majoritário de uma barbearia e está sendo processado pelos sócios minoritários por ter retirado dinheiro da empresa de maneira irregular.
O FIB Bank forneceu anteriormente à Precisa garantia para a venda de preservativos femininos ao Ministério da Saúde. Ontem, véspera do depoimento do presidente do FIB Bank, o ministério se deu conta de que a garantia era fajuta, e pediu à Precisa a substituição.
“Fib” significa lorota em inglês.
Só a absoluta certeza da impunidade explica um esquema tão assombrosamente grosseiro e amador.
Em tempo: O FIB Bank já forneceu garantias a várias entidades governamentais municipais, estaduais e federais e até à AGU e ao Ministério da Fazenda. O sócio (oculto) e controlador da empresa, assim como o dono da Precisa, é amigo do deputado Ricardo Barros. É claro.