Pelo menos cinco funcionárias da Caixa Econômica Federal denunciaram o presidente da empresa, Pedro Guimarães, por assédio sexual. Os relatos escancaram crime por qualquer ângulo que se observe.
Assédio sexual é um crime particularmente abjeto e covarde. O criminoso conta que a vítima não o denunciará por medo de ser retaliada ou mesmo, sendo nosso país o que é, pelo medo de ser mal falada. Que Guimarães seja processado e julgado criminalmente na forma da lei.
O Brasil é um país que maltrata mulher desde sempre, mas vivemos tempos especialmente cafajestes. Nosso presidente acha que ter filha mulher é “fraquejar”, diz a uma mulher que “não te estupro porque você não merece” e muito mais. Seu exemplo é seguido em vários lugares, não só na CEF.
Bolsonaro está mal nas pesquisas e tem o desafio de reverter a enorme rejeição que sofre por parte das mulheres. Pois essas mulheres acabam de descobrir que Guimarães é um misógino e assediador contumaz, que isso é sabido no governo há tempos, e que mesmo assim era um dos favoritos do presidente (era habitué das lives de quintas-feiras). Ser marqueteiro de Bolsonaro não deve ser fácil, por sinal.
Nos últimos dias, vazaram a gravação de Milton Ribeiro e a mensagem de Roberto Castello Branco, ambas incriminando o presidente; pedidos de investigação contra Bolsonaro foram encaminhados ao Supremo; a CPI do MEC passou com folga; e já há quem fale em CPI da Petrobras. Tudo indica que Guimarães comete crime de assédio há anos, mas foi só agora que vieram denúncias a público.
Não é coincidência. As revelações contra Bolsonaro e o governo estão vindo à tona porque há uma percepção generalizada de que o governo está fragilizado, vulnerável, sem condições de reagir.
O governo está nas cordas, e, a cada novo escândalo, se torna ainda mais difícil reverter a situação.
E — pode escrever — vem mais por aí.