VEJA 5 – Greenspan exclusivo: o homem que comandou a era da prosperidade pensa a turbulência
Nesta edição de VEJA, Márcio Aith entrevista Alan Greenspan, ex-presidente do Fed, o banco central americano, e o mais influente economista vivo. Na segunda, A Era da Turbulência, o livro de memórias que ele começou a escrever quando deixou o cargo, há dois anos, será lançado mundialmente. No Brasil, é publicado pela Editora Campus/Elsevier — […]
– desceu o sarrafo no populismo latino-americano, que condena a população à pobreza;
– disse que o Brasil sofreria, sim, os efeitos de uma recessão nos EUA — e não só o Brasil: a China também;
– deixou claro que esse negócio de dar dinheiro pra pobre é coisa de.. país pobre que quer continuar pobre.
– e, bem…, manter inflação baixa nestes tempos de exportações chinesas a preço de banana (barata) não é assim tarefa tão difícil. Mas, segundo ele, também essa facilidade pode estar com os dias contados. Nas palavras de Aith, Greenspan “detecta o começo do fim do atual ciclo de prosperidade que fez o mundo crescer sem inflação e com juros baixos por quase duas décadas.”
Abaixo, duas perguntas e duas respostas:
COMO O SENHOR AVALIA PROGRAMAS COMO O BOLSA FAMÍLIA, DO BRASIL, E O PROGRESA, DO MÉXICO, QUE OFERECEM AJUDA ECONÔMICA A FAMÍLIAS DESDE QUE ELAS MANTENHAM CRIANÇAS NA ESCOLA?Essas iniciativas parecem fazer mais sentido. Ao menos em teoria. Mas a vasta maioria dos programas sociais não elimina a pobreza e ainda aumenta os gastos públicos. No resto do mundo emergente, onde o padrão de vida avançou aceleradamente, as taxas de poupança são muito mais altas porque as redes de proteção social são mais fracas. Na Ásia, as famílias naturalmente guardam mais dinheiro para os tempos de necessidade. Na América Latina, é o inverso. É preciso entender que, quando redes de proteção social convivem por muito tempo com a pobreza, isso é sinal de que elas não têm eficácia.
SETORES DO GOVERNO E DA SOCIEDADE BRASILEIRA QUEREM COLOCAR OBSTÁCULOS À COMPETIÇÃO, PARA ELES DESLEAL, DOS PRODUTOS CHINESES NO MERCADO INTERNO. ISSO É CORRETO?
Nos primeiros estágios da economia americana, quando a competição estrangeira ameaçava a base industrial do país, havia um debate similar. Nós acabamos perdendo grande parte de nossa base industrial e estamos melhores do que nunca. No mundo de hoje, o valor está nas idéias, não nos produtos. Perder a base industrial em um processo de abertura é um sinal de força, não de fraqueza.
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Imperdível.
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