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Uma doença do espírito

O petismo é uma doença do espírito e, não por acaso, progride mais na classe média do que entre os pobres — refiro-me ao “petismo”, não aos “eleitores do PT”, que são outra coisa. Estes têm um comportamento típico da massa em qualquer país do mundo: ora vota aqui, ora vota ali. Tudo depende de […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 20h09 - Publicado em 29 nov 2007, 16h36

O petismo é uma doença do espírito e, não por acaso, progride mais na classe média do que entre os pobres — refiro-me ao “petismo”, não aos “eleitores do PT”, que são outra coisa. Estes têm um comportamento típico da massa em qualquer país do mundo: ora vota aqui, ora vota ali. Tudo depende de um punhado de fatores conjunturais.

O que me interessa são os quadros de militância média, não-dirigentes. O que me interessa é esse professor de geografia ou de história que entra na sala de aula disposto a fornecer “consciência crítica” àquilo que chamam “educando”.

Lembram-se da máxima de Mencken? Para cada problema complexo, há sempre uma solução fácil, clara e errada. Não é o que essa gente vive propondo em sala de aula? Ora, é preciso explicar o funcionamento da sociedade capitalista (nota: na sétima série, numa aula de geografia, é o momento de fazê-lo?)? Então por que não recorrer a um pastiche submarxista da década de 80 (o tal livro Capitalismo para Principiantes), que transforma o mundo numa fábula do Lobo Mau e, literalmente, do Chapeuzinho Vermelho?

Observem: em vez de o aluno ser convocado a operar com variáveis mais complexas, dá-se uma regressão: o mundo é movido pela luta do Bem contra o Mal — e com a má notícia, não é? O Mal — no caso, o capitalismo — venceu.

Tenho duas filhas, uma de 10 e outra de 12 anos. É nessa idade, creio, que crescer dói mais. Justamente porque as crianças começam a se dar conta da complexidade moral do mundo. As escolhas não são mais ditadas pelos contrastes violentos da fábula. Ao contrário: uma amiga tem tais qualidades, mas os defeitos… Aquelas compensam estes? Mas elas próprias também não portam características que aos outros constrange? Como articular diferenças, ser tolerante, conviver?

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Nada disso! Nas aulas de história e de geografia, o mundo retorna ao jardim da infância. A realidade está dominada por bruxas, e um dia virão as fadinhas para redimir os justos. Nesse caso, é inescapável observar: Lula seria a própria realização dessa fantasia.

A infantilização chega à universidade. O que se quer é produzir militantes, não pensadores; agentes da transformação, não pesquisadores. Dêem-me uma boa razão para que não exista, sei lá, o Data-USP, o maior e mais capaz instituto de pesquisas do país juntando as experiências dos cursos de sociologia e matemática. Os simples dirão: falta dinheiro. Mentira! Falta demanda intelectual interna.

O mercado de gente que se apresenta para “mudar a realidade” está saturado. Falta quem queira compreendê-la, invertendo aquela máxima bucéfala e obscurantista de Marx.

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