Por Mario Cesar Carvalho e Flávio Ferreira, na Folha:
Dois ex-executivos de alto escalão da Siemens disseram à Polícia Federal que a conta suspeita aberta em 2003 em Luxemburgo, um paraíso fiscal na Europa, era de conhecimento da matriz alemã. A Siemens alemã alega que só teve conhecimento dessa conta em 2008, durante uma investigação sobre supostas irregularidades em seus negócios pelo mundo. A multinacional acusa o ex-presidente da filial brasileira, Adilson Primo, de ter usado a conta para desviar 7 milhões de euros (o equivalente hoje a R$ 22,5 milhões) da empresa.
Primo foi demitido em 2011 por justa causa. A empresa diz que houve quebra de confiança porque ele escondeu a conta da matriz alemã. No inquérito que apura o cartel em contratos do Metrô e da CPTM, a PF investiga a hipótese de que a conta foi usada para pagar propina para funcionários públicos e políticos do governo de São Paulo, sob comando do PSDB. Uma das razões da suspeita é que recursos da conta de Luxemburgo foram enviados para doleiros no Brasil e para um ex-servidor público.
Os executivos que disseram que não havia como a matriz não conhecer uma conta pela qual passaram 7 milhões de euros são José de Mattos Junior e Raul de Mello Freitas. Freitas foi diretor da Siemens entre 2001 e 2011, quando foi afastado. Sua demissão não foi por justa causa, apesar de ele ter sido um dos quatro titulares dessa conta. Mattos Junior foi gerente de auditoria interna entre 2001 e 2006, quando se aposentou. Ele foi também um dos beneficiários da conta. A conta no banco Itaú em Luxemburgo foi aberta por ordem de um alemão, Jürgen Brunowsky, que veio para o Brasil para ser diretor administrativo-financeiro da filial brasileira da Siemens, segundo Mattos Junior
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