“Primeiro eles precisam dar um tratamento humano aos terroristas em Guantánamo”. Tens provas de que são terroristas?Não, né? Aliás, nem os americanos. Nem acusação formal.Lição básica do jornalismo: não chamar de criminoso sem provas. Se eu fosse seu editor, não passaria nunca.
Viram só? Se ele fosse meu editor, exigiria provas de que foi Bin Laden quem organizou os atentados do 11 de Setembro. Como sabemos, até agora, só existe uma confissão. Sem poder apresentar as provas, ele me censuraria.
De fato, não há nem mesmo prova provada de que a rede terrorista seja uma realidade. Nas “democracias” islâmicas, até hoje, os jornais juram que se trata de um complô judaico. Aliás, aqui pertinho, na USP, existem doutores que dizem a mesma coisa. Quem, entre eles, pensa diferente assevera que os do “Alá, meu bom Alá” são revolucionários… Octavio Ianni morreu apontando o caráter, digamos, saudavelmente antiimperialista da Al Qaeda.
Ah, não tenham dúvida. Os prisioneiros de Guantánamo foram seqüestrados ao léu pelas forças da ditadura norte-americana. Os cães de guarda de George W. Bush saíram Afeganistão, Iraque e Paquistão afora prendendo inocentes. As coisas funcionam assim: a “resistência” revolucionária iraquiana ou afegã faz julgamentos sumários, planeja atos terroristas, executa-os e manda para os ares centenas de inocentes. Culpa de quem? Ora, dos EUA, claro. Aquela gente vivia se matando em paz, sem ninguém se intrometer — coisa lá deles —, e aí chegou o Exército judaico-cristão-fundamentalista para impor o terror.
É, o mundo é mesmo absurdo. Foi o que levou Arnaldo Jabor, na Globo, a comparar os presos de Guantánamo aos presos políticos de Cuba. Segundo o seu comentário, eles se equivalem. Entenderam? Alguém detido num campo de treinamento da Al Qaeda vale um poeta ou uma bicha pobre presos na Cuba de Fidel. Como diria João Pequeno, em seu pensamento gigante, nos dois casos, inexiste uma “acusação formal”.
Vou dizer o quê? Ainda bem que isso a que “eles” chamam de “mundo judaico-cristão” tem mais tradição de resistência, não é mesmo? Feitas as contas (façam aí pra decifrar meu enigma), são bem uns 4.400 anos a mais…