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Reinaldo Azevedo

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PT faz sua segunda “Virada Cultural” em SP e produz o segundo espetáculo de incompetência e desorganização

Vejam esta imagem. Vocês vão entender tudo. O PT fez a sua segunda “Virada Cultural”. Mais um desastre! Infelizmente! A boa sorte não costuma acompanhar a incompetência. Para que os leitores de outros Estados e de outras cidades tenham uma informação básica: a iniciativa começou em 2005, no primeiro ano da gestão de José Serra […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 03h50 - Publicado em 19 Maio 2014, 05h49
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  • Vejam esta imagem. Vocês vão entender tudo.

    Demônios da Garoa

    O PT fez a sua segunda “Virada Cultural”. Mais um desastre! Infelizmente! A boa sorte não costuma acompanhar a incompetência. Para que os leitores de outros Estados e de outras cidades tenham uma informação básica: a iniciativa começou em 2005, no primeiro ano da gestão de José Serra à frente da Prefeitura da maior cidade do país. E já nasceu como um sucesso de público. A ideia era promover 24 horas de atividades culturais nos mais variados pontos da cidade. Aqui e ali, ocorriam pequenos problemas, mas nada muito significativo.

    No ano passado, a coisa já não andou bem: duas pessoas foram assassinadas. Neste 2014, no segundo evento organizado pela gestão petista, a sensação foi de fiasco. O tempo, claro, não ajudou. Mas a incompetência foi pior do que a chuva. E, para piorar tudo, a violência.

    Houve nada menos de 18 arrastões na madrugada de sábado para domingo. Há quatro pessoas internadas em estado grave, duas delas feridas a bala e duas outras a faca. A Polícia Militar, que teve muito trabalho, estima em 13 mil o número de abordagens feitas. Houve mais de cem detenções.

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    Em 2013, a gestão petista já foi criticada por ter concentrado os eventos na região central da cidade — quando a ideia original da Virada era justamente levar eventos para a periferia. Neste ano, houve ainda menos palcos, atraindo menos público, embora o evento tenha custado 13% a mais — estima-se em R$ 13 milhões.

    O tempo ruim, a desorganização e a violência forçaram o cancelamento de diversas apresentações. O grupo Demônios da Garoa, um patrimônio da cidade, cancelou a sua participação acusando desrespeito e falta de condições. Segundo o produtor da turma, eles foram impedidos, sem qualquer justificativa, de instalar a sua própria mesa de som. Sergio Rosa, o Pimpolho, desabafou à Folha: “De repente o cara te joga dentro da Cracolândia. Não é o fato de estar na Cracolândia. Mas ali perto do palco tinha um mau cheiro, um negócio degradante. Você acha que a gente iria até lá e não ia querer fazer o show se tivesse condições?”.

    A banda de rap Pollo, agendada para as 4h da madrugada deste domingo, também cancelou sua apresentação. Rafael de Melo, produtor, narrou à Folha: “Cheguei com a equipe por volta de 1h30 para montar o show. Mas, por volta das 2h, houve uma briga, e as coisas saíram do controle. Começaram a saquear uma loja, subiram no palco, invadiram os camarins”.

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    Contra todas as evidências, no entanto, Juca Ferreira, secretário de Cultura da cidade de São Paulo, viu um sucesso danado e diz que a virada vai continuar.

    Existem picaretas em São Paulo
    Um pouco de memória, vamos lá. Já escrevi a respeito, mas volto ao assunto. Quando surgiu na capital, em 2012, o tal movimento “Existe Amor em SP”, tirei um sarrinho aqui. Era gato escondido com o rabo de fora. Estava na cara, ou no rabo, que era gato. Tratava-se apenas de mais um “movimento popular”, ou “organização espontânea”, ligada ao PT. Informação para o leitor que não é da cidade: o tal grupo se dizia “apartidário” e interessado apenas em impedir a eventual eleição de Celso Russomanno (PRB). Estranhei e ironizei porque não nasci ontem. Esse negócio de “movimento apartidário” contra um candidato em particular era coisa por demais suspeita, especialmente quando o dito-cujo, como era o caso, havia conquistado fatias do eleitorado tradicionalmente petistas. Assim, era evidente que atacá-lo beneficiava o nome petista na disputa, Fernando Haddad.

    Criar grupos “apartidários” para intervir no debate público é uma prática que remete aos primeiros dias do partido. Conheço isso como a palma da mão. A rigor, a prática não difere muito da relação que a legenda mantém com os sindicatos que estão sob a sua orientação. Os sindicalistas, nesse caso, não estão principalmente dedicados à defesa da categoria que representam. Ao contrário: podem até lutar contra os interesses objetivos do grupo se, num dado momento, os interesses do partido o exigirem. O PT não está sozinho nessa prática. A UNE, por exemplo, desde a sua refundação, é um feudo do PCdoB. Os sucessivos comandos da entidade estão se lixando para os interesses dos estudantes. O PSOL, bastante presente nas universidades públicas, age do mesmo modo com os centros acadêmicos ou diretórios centrais que conquistam.

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    Com o advento das redes sociais, emprestar caráter “popular” àquilo que é partidária e ideologicamente orientado se tornou ainda mais fácil. Por quê? Porque a antiga militância, e sei bem do que falo, exigia tempo, dedicação, aplicação à causa. As reuniões só podiam ser feitas com a presença física dos mobilizados. Hoje em dia, não! Basta estar conectado à rede. Dez ou 15 profissionais do partido, pagos pra isso, conseguem criar o movimento de opinião na Internet e marcar uma concentração em algum ponto da cidade a que podem comparecer centenas e até alguns poucos milhares de pessoas. Ou por outra: era mais difícil arregimentar idiotas úteis no passado. Hoje em dia, é moleza.

    Pois bem… O tal movimento “Existe Amor em SP” foi tratado pela imprensa paulistana — onde tinha muitos amigos e porta-vozes informais — como uma espécie de “nova voz da cidade”, como uma expressão genuína das ruas. É mesmo?

    Pois é… No ano passado, o que fez Haddad? Contratou toda a turma! É ela que responde hoje pela organização da Virada Cultural e pelo seu segundo ano de desastre.

    Eis aí: existem incompetentes em São Paulo. E picaretas também!

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