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Reinaldo Azevedo

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O nome do filme – “Tropa de Elite 3 – Interiores”

Com invasão hostil-negociada ou ocupação pacífica, a “retomada de territórios” do narcotráfico no Rio se faz sem prender os bandidos — alguns gatos-pingados só pra não dar muito na cara e ter o que exibir à opinião pública. Não! Não se trata de negar aspectos positivos da “ocupação” do Complexo do Alemão, mas de lhe […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 13h29 - Publicado em 29 nov 2010, 17h17

Com invasão hostil-negociada ou ocupação pacífica, a “retomada de territórios” do narcotráfico no Rio se faz sem prender os bandidos — alguns gatos-pingados só pra não dar muito na cara e ter o que exibir à opinião pública. Não! Não se trata de negar aspectos positivos da “ocupação” do Complexo do Alemão, mas de lhe atribuir a real dimensão e distinguir o que é política de Segurança Pública do que é política de Segurança do Marketing.

O desfecho de ontem, dado o clamor, decepcionou muita gente — a mim, não; quem me lê habitualmente sabe que era o que eu mais ou menos esperava. Era como se faltasse José Padilha na direção — ficção e realidade, aliás, estão se cruzando nesse episódio de modo muito emblemático. Já chego lá. A aposta era mesmo num “Tropa de Elite 3 – A Solução”. Mas esse filme não veio. Os bandidos já tinham sido burros o suficiente até ali. Só os mais aptos — para o crime — se deram conta de que não há melhor negócio do que as UPPs (farei um post a respeito daqui a pouco). O problema é o que fazer com a mão-de-obra ociosa para que não vá aterrorizar no asfalto, assaltando bolsas e relógios.

Sérgio Cabral e o governo federal só tinham uma coisa a fazer depois que assistimos, ao vivo, à marcha da bandidagem da Vila Cruzeiro para o Alemão: entrar na área. Resistindo, o Comando Vermelho sofreria muitas baixas, com a perda de soldados treinados;  recuando, todos acabariam se dando bem: o governo do Rio seria elogiado por seu feito inédito, e os criminosos preservariam o seu exército. E se fez, então, essa opção. Os seres mais lógicos logo se perguntaram: “Pô, se era tão fácil, por que não se fez antes?” Resposta: porque não era nem é tão fácil.

Cadê os, segundo a Polícia, 500 traficantes? A resposta é esta: o Exército e a polícia estão no morro e vão investigar casa por casa. Bem, acho que a turma da pesada não ficou dando sopa por ali. Como é impossível investigar tudo ao mesmo tempo — dadas a topografia e a arquitetura  locais —, ainda que um ou outro tenham sobrado, dá para brincar de gato e rato. O número de presos é esse que se tem aí, com um ou outro acréscimos irrelevantes.

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José Mariano Beltrame, secretário de Segurança, sempre dá respostas muito interessantes. Indagado sobre a fuga em massa, afirmou: “Posso garantir que os que fugiram, sem arma, sem casa, sem território, são muito menos do que eram antes”. Assim seria se assim fosse. Aonde quer que tenham ido, terão território, arma e casa.

Mas a honra do Rio e da pátria está salva. À falta de eventos espetaculares, o filme que se viu poderia se chamar “Tropa de Elite 3 – Interiores”, com narrativas mais individualizadas, quase intimistas: o pai que entregou o filho, a mãe que procurou a polícia, as “mansões” dos chefões no morro, com suas banheiras de motel — até bandido gosta de conforto, embora não tenha “sendo de proporções”, como diria Caetano Veloso, um amigo dos amigos…

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