É do balacobaco. A Folha informou na edição de hoje que o Banco do Brasil concedeu um empréstimo de R$ 2,7 milhões a Val Marchiori, a socialite de profissão desconhecida. Ela se tornou uma celebridade com o programa “Mulheres Ricas”, embora sua única fonte de renda conhecida seja a pensão paga aos filhos pelo pai das crianças, que não é bem seu marido. O dinheiro emprestado pelo Banco do Brasil pertence a uma linha de crédito subsidiada pelo BNDES. Como diria Val, “Helôôô! As socialites também têm direito ao socialismo petista. Vamos lá. Valdirene, ou Val por apócope, não poderia ter obtido o empréstimo porque:
1: não pagou empréstimo anterior e já estava devendo ao banco;
2: não tem fonte de renda;
3: a empresa pela qual Val tomou o empréstimo, uma tal “Torke Empreendimentos”, apresentou como comprovação da receita a pensão alimentícia dos seus filhos;
4: a Torke pegou o dinheiro para investir na área de transportes — compra de caminhões, embora não tivesse experiência nenhuma na área.
Ah, ocorre que, no Banco do Brasil, existe um troço chamado “operação customizada”. Por intermédio dela, o banco dá crédito a quem quiser, como quiser, na hora em que quiser.
As irregularidades pararam por aí? Não! A Torke tomou o empréstimo e, imediatamente, sublocou os caminhões para a Veloz Empreendimentos, que é do irmão da apresentadora, Adelino Marchiori. Ocorre que uma cláusula da linha Finame/BNDES, de onde saíram os recursos, impede cessão ou transferência dos direitos e obrigações do crédito sem a autorização do BNDES.
Mas por que Val conseguiu o empréstimo com tanta desenvoltura? É que ela é amiga pessoal de Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil. Ela já esteve com ele em duas missões oficiais do banco, uma na Argentina e outra no Rio. Por que Val participa de uma ação oficial do BB? Vai ver é por causa de seu lado empreendedor.
A coisa toda parece jocosa, apesar da dinheirama? Parece! Mas é reveladora da forma como se usam os bancos públicos no Brasil. Se Aécio Neves ganhar a eleição, tarefa inadiável é fazer uma auditoria rigorosa nesses bancos, inclusive no BNDES.
De resto, eis aí: chegamos à era do socialismo socialite. O Brasil está na lama. Mas com muito glamour.