FHC, A COMISSÃO E OS MILITARES
Ô gente divertida! Petralhas estão exultantes porque FHC, em entrevista à BBC, defendeu a criação da tal Comissão da Verdade, embora alerte contra o risco de politização do tema. FHC critica o fato de que a proposta se limita a apurar transgressões cometidas apenas por um dos lados: “Isto dá a impressão de parcialidade, o […]
Ô gente divertida!
Petralhas estão exultantes porque FHC, em entrevista à BBC, defendeu a criação da tal Comissão da Verdade, embora alerte contra o risco de politização do tema. FHC critica o fato de que a proposta se limita a apurar transgressões cometidas apenas por um dos lados: “Isto dá a impressão de parcialidade, o que produz intranqüilidade entre as Forças Armadas”.
Mesmo leitores não-esquerdistas se dizem decepcionados com a opinião do ex-presidente; outros reiteram que, com efeito, ele é o verdadeiro culpado por tudo porque essa revisão do passado teria começado em seu governo etc.
No dia 31 de dezembro, escrevi o texto “Crise militar: seu nome é Dilma Rousseff”, em que contava os bastidores dessa história. Muitos de vocês o leram porque recebeu, até agora, 731 comentários! Está escrito lá: “A questão [a Comissão da Verdade] havia sido negociada com os comandos militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. E olhem que estes senhores tinham ido bastante longe – e fica a lição: com essa gente, ceder um braço corresponde a ceder os dois, mais as duas pernas e também a cabeça. Os militares aceitaram a criação da tal comissão desde que o texto não restringisse a apuração de violações ao governo militar: também as organizações terroristas de esquerda teriam sua atuação devidamente deslindada.”
Pois é… Os militares ficaram especialmente furiosos porque foram miseravelmente trapaceados. Como está claro no meu texto, não concordo com a opinião de FHC nem com a concessão feita pelos militares, que cometeram a tolice de acreditar nos lobos de extrema esquerda, então vestidos de cordeiros.
Mas que fique claro: FHC não está dizendo nada com que a cúpula militar não tivesse concordado antes. E, obviamente, estavam todos errados. A articulação revanchista era bem mais forte do que parecia. E a tentação autoritária não se resumia à revisão do passado.