Eu quero debater Padre Vieira com Gilberto Dimenstein
Com aquele arraigado hábito de escrever primeiro e pensar depois, Gilberto Dimenstein escreveu, no sábado passado, um texto sobre a doença de Lula em que afirmava algumas enormidades. Segundo disse, a doença serviria “de lição”. Mais: viu algo de notável no fato de o tumor estar onde está: “justamente na laringe, por onde passa a […]
Com aquele arraigado hábito de escrever primeiro e pensar depois, Gilberto Dimenstein escreveu, no sábado passado, um texto sobre a doença de Lula em que afirmava algumas enormidades. Segundo disse, a doença serviria “de lição”. Mais: viu algo de notável no fato de o tumor estar onde está: “justamente na laringe, por onde passa a habilidade de Lula em convencer as pessoas em seus discursos.” Eu, que não sou admirador confesso do petista, jamais diria que ele convence os outros com a garganta. Convence com as suas idéias, ainda que sejam péssimas. Não gosto da figura pública de Lula, mas eu o trato com respeito. E no auge do não-pensamento, mandou bala: “Infelizmente é desse jeito, com as pessoas sentindo-se próximas e vulneráveis diante de uma ameaça, que se consegue mudar atitudes.”
Escreveu assim mesmo, maltratando o bom senso e a língua. Muito bem! Os petistas foram em cima dele como abelhas — vêm em cima de mim também, e eu mando Reinaldox nelas. Mas Dimenstein ficou com medinho. As manifestações na Internet para que Lula se trate no SUS viraram a sua tábua de salvação, a sua janela de oportunidades.
A partir daí, para fazer média com os companheiros, elegeu essas pessoas como adversárias e passou a afirmar que se tratava de “manifestação de preconceito” e de “ódio” e de “besteirol”. Toda causa precisa de um símbolo. Dimenstein é um rapaz sabido em certas áreas. Ele elegeu, então, a atriz Luana Piovani. Parece que ela foi uma das pessoas que disseram que o petista deveria se tratar no SUS. Ao menos é o que Dimenstein escreveu em outra coluneta nesta sexta. A atriz também teria feito uma confusão qualquer sobre Padre Vieira.
Dimenstein volta à carga para ofender aqueles que acham que Lula deve se tratar no SUS, sustenta que isso é agressão e besteirol, mas não diz por quê. E sugere que Luana é mesmo uma boba, tanto que disse uma incorreção qualquer sobre Padre Vieira.
Opa! De Padre Vieira eu entendo! Sei até alguns sermões quase de cor. Topo discutir Padre Vieira com Gilberto Dimenstein. Como eu sei sobre o padre mais do que ele, muito mais — aposto o que ele quiser —, pergunto se minha opinião sobre Lula e o SUS valerá, por isso, mais do que a dele.
Isso, sim, é uma patrulha detestável. Para tentar se livrar daquele seu primeiro texto infeliz, desrespeitoso com Lula e com todos os pacientes de câncer, Dimenstein resolve jogar uma figura pública conhecida na boca dos leões, prática da pior imprensa marrom.
Dimenstein usar Vieira para botar banca em cima de Luana Piovani é fácil. Que tal comigo? Topo até debater se essa história de SUS é mesmo uma ofensa. Eu já disse por que não é. Quem sabe Dimenstein diga, finalmente, por que é…