Esta capa completa um mês hoje. E aí?
Faz um mês hoje que a edição nº 2010 de VEJA começou a chegar aos assinantes e às bancas com as estranhas histórias de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado. Faz um mês que a Casa, paralisada, espera um desfecho. Está, para usar a linguagem dos próprios colegas de Renan, sangrando. Não faltou a Renan […]
O senador aprendeu depressa com seus “companheiros” do PT. Observem qual tem sido o seu padrão de conduta:
– nega qualquer irregularidade, contra as evidências;
– apresenta provas que não se sustentam;
– acusa uma conspiração.
E pronto. Agora, diz que há um verdadeiro “esquadrão da morte” a persegui-lo. Refere-se ao PSOL, que decidiu lançar a campanha “Fora Renan”, que até pode emplacar. Não porque este partido tenha lá grande aceitação da sociedade. Mas porque Renan tem tudo para ser uma boa causa.
Ora, vocês se lembram de qual era o roteiro inicial da trama. Resolver tudo em uma semana, aprovando o relatório de Epitácio Cafeteira (PTB-MA), tirando o problema da frente. A VEJA e o Jornal Nacional atrapalharam os planos da turma do deixa-disso. O Conselho de Ética se reúne amanhã, às 13h30, para, imaginem só, tentar encontrar um relator para o caso, o que é difícil. Ninguém quer.
Vejam que fabulosa impostura! Ainda hoje, a absolvição de Renan, na base do voto secreto, é dada como muito provável. Compreende-se: os senadores não precisam pôr o seu nome no malefício. Votam na surdina e saltam de banda. Com o relator, é diferente. O eventual pedido de absolvição se cola à biografia. O Homem Chamado Cafeteira era perfeito para a tarefa. É bem provável que este seja seu último mandato. Ele não tem futuro político, só passado, e o relatório pró-Renan não seria mácula nenhuma, mas troféu. Ocorre que boa parte dos senadores, mesmo os governistas, ainda tem ambições. Ninguém quer arcar com o peso do cadáver adiado.
É mais fácil denunciar conspirações do que explicar o inexplicável.