E aí, Shopping Higienópolis: quem pegou a fita?
O Shopping Higienópolis, em São Paulo, está moralmente obrigado a informar quem solicitou à empresa a fita em que o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, aparece em companhia de um jornalista. Segundo a versão de uma nota à imprensa, teriam sido “autoridades” do Estado. Ontem, o governador Geraldo Alckmin deixou claro: solicitação oficial […]
O Shopping Higienópolis, em São Paulo, está moralmente obrigado a informar quem solicitou à empresa a fita em que o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, aparece em companhia de um jornalista. Segundo a versão de uma nota à imprensa, teriam sido “autoridades” do Estado. Ontem, o governador Geraldo Alckmin deixou claro: solicitação oficial não foi. E aí? O caso é sério, é grave. Uma autoridade estava — ou está — sendo espionada.
As imagens serviram a um trabalho organizado que tenta desestabilizar Ferreira Pinto. As pistas, infelizmente, apontam para setores da própria Polícia e do governo, todos inconformados com a recondução de Ferreira ao cargo.
Reportagem de hoje da Folha informa que, no mesmo dia e no mesmo horário, também em companhia de uma jornalista da Folha, estava no shopping o delegado Ivaney Cayres de Souza, um desafeto do secretário, que admite tê-lo visto no local. Quem primeiro deu publicidade à gravação foi o radialista João Alkimin (não tem parentesco com o governador), cuja mulher, Tânia Nogueira, é advogada de Souza. Não é prova de nada. São dados da equação que têm de ser considerados. O shopping agora diz ter entregado as imagens a policiais. Quais? Os nomes devem estar registrados; eles devem ter apresentado identificação, certo? Ou basta chegar lá, dizer-se da polícia e pronto? Souza nega que tenha sido ele.
Alckmin, ontem, na presença de Ferreira Pinto e de Saulo de Castro, um ex-secretário de Segurança, reafirmou sua confiança no atual titular do cargo. Fez bem! É preciso deixar claro que o governo não permitirá que o baguncismo tome conta da polícia mais eficiente do país — embora haja muito a ser feito.
O shopping tem de identificar os policiais que foram lá pegar a fita. Se o governo do estado abrir mão de chegar ao fim dessa história, estará dando uma piscadela ao perigo. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, dada a realidade brasileira, é um exemplo de trabalho virtuoso. Basta verificar a histórica queda de homicídios no estado — mais de 70% de 1999 para cá. Quem quer que force a mão para que o setor seja fonte de notícias negativas tem de ir para a rua.