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Reinaldo Azevedo

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Brasileiros são investigados em Milão em escândalo da Telecom Itália; um deles foi chefe da Abin no governo Lula

Por Gina de Azevedo Marques, no Estadão desta sexta:Como parte das investigações sobre corrupção no grupo Telecom Itália, a Procuradoria de Milão descobriu um suposto suborno de autoridades brasileiras para favorecer a Brasil Telecom, segundo publicou ontem o La Repubblica. Sob o título “Brasil Telecom, hipótese de corrupção”, o jornal italiano informou que os pagamentos […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h38 - Publicado em 9 mar 2007, 05h25
Por Gina de Azevedo Marques, no Estadão desta sexta:
Como parte das investigações sobre corrupção no grupo Telecom Itália, a Procuradoria de Milão descobriu um suposto suborno de autoridades brasileiras para favorecer a Brasil Telecom, segundo publicou ontem o La Repubblica. Sob o título “Brasil Telecom, hipótese de corrupção”, o jornal italiano informou que os pagamentos seriam efetuados em contas na Suíça por pessoas ligadas ao grupo italiano e citou nomes de brasileiros que teriam recebido os pagamentos.
Segundo os investigadores, de fevereiro a dezembro de 2005 saíram das contas da Telecom Itália depósitos para contas de brasileiros definidos como “fornecedores” num total de cerca de 980 mil. Em 1º de novembro de 2000, começou a investigação sobre a formação de quadrilha na Itália, que envolveria empresários, representantes da polícia e agentes do serviço secreto italiano.
Recentemente, os procuradores conseguiram na Justiça mais seis meses de prazo para as investigações. Eles agora investigam a possibilidade de uma rede de corrupção internacional que envolveria pessoas ligadas à Telecom Itália. Suspeita-se que os homens da divisão Security da Telecom, grupo liderado pelo ex-brigadeiro Giuliano Tavaroli – detido em 13 de dezembro – subornou brasileiros.
(…)
Ainda não se sabe a origem do dinheiro, mas os movimentos são comprovados”, disse ao Estado Piero Colaprico, jornalista do La Repubblica. Segundo Colaprico, nos documentos constam nomes de brasileiros. Na lista, estão depósitos para Mauro Marcelo. Em maio de 2004, quando era delegado da Polícia Civil de São Paulo, ele foi chamado pela TIM Brasil para fazer uma conferência sobre os crimes de informática e depois de três meses foi promovido a chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Procurado pelo Estado, Marcelo disse: “Sobre esse assunto, não tenho nada a manifestar”.
A investigação apontou ainda nos nomes de Luis Demarco, que também não quis se pronunciar, e de Marcelo Elias de Toledo, advogado em São Paulo, não localizado pela reportagem.

Perfil

Segue um perfil de Mauro Marcelo publicado pela revista Veja no dia 28 de julho de 2004.
Por Thaís Oyama:
A nomeação do delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva para a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) desagradou a militares por uma razão objetiva e outra nem tanto. A objetiva: desde que foi criado o órgão sempre teve em seu comando um general ou alguém ligado à categoria. Em maio, quando a ex-diretora Marisa Del’Isola, integrante dos quadros da agência desde que ela se chamava SNI, foi afastada do cargo, os militares deixaram claro que gostariam de vê-lo ocupado por um igual. Não foram atendidos e, ainda por cima, tiveram de engolir alguém muito diferente. E põe diferente nisso. Em contraste com o estereótipo do militar sisudo e discreto, o delegado Mauro Marcelo é um adepto fervoroso da visibilidade. Não se importa em posar para capas de revista vestido de Sherlock Holmes, distribui fotos suas autografadas aos funcionários e adora apresentar seu gabinete a visitantes dizendo que ele é “o maior do governo federal”. E, antes que lhe perguntem, completa: “Sim, maior até que o do presidente Lula”.
Foi o presidente quem o indicou para o cargo. Conheceram-se em 1994, quando o delegado chefiou as investigações que resultaram na prisão dos seqüestradores de um sobrinho de Roberto Teixeira, compadre de Lula. O rapaz foi libertado após onze dias de cativeiro, sem pagamento de resgate. “A partir daí, a qualquer problema que havia com o pessoal do PT o Lula dizia: ‘Chama o Mauro que ele resolve’”, conta o delegado. Entre seus pares, Mauro Marcelo é tido como um policial brilhante. Especialista em crimes cometidos pela internet, formou-se delegado classe especial agraciado com o título de melhor da turma (na ocasião, compôs, para cada um dos professores, poesias que recitou de pé, uma delas intitulada “Gotas de sabedoria”). Colegas elogiam sua rapidez na resolução de crimes. “Enquanto a média dos delegados precisa de algumas semanas para resolver um caso, ele leva poucos dias. Às vezes, chega a uma conclusão em questão de horas”, diz a delegada Inês Cunha, que trabalhou com ele em São Paulo. Sobre crimes na internet, Mauro Marcelo dá cursos, palestras e responde a dúvidas que colegas lhe enviam por e-mail.
Um de seus maiores orgulhos é ser um dos vinte policiais brasileiros já convidados a fazer o disputado curso do FBI nos Estados Unidos – experiência cujo registro reluz em um de seus dedos na forma de um anelão de pedra vermelha com a inscrição “FBI 1993″, ano em que passou quatro meses estudando os métodos de investigação da polícia americana. É fã de Edgar Hoover, a ponto de enfeitar um de seus cartões de visita com a foto do manda-chuva mais famoso do FBI. “Não se trata de idolatria”, afirma. “É um conceito educacional. Faço muitas palestras para crianças e adolescentes e, dessa maneira, crio uma empatia com o meu público”, justifica. Pois é, o novo chefão da Abin tem “um público”. A admiração pelo FBI e sua estrela maior já lhe rendeu uma dorzinha de cabeça. Uma ala, digamos, protonacionalista chegou a dizer que sua “ligação com a polícia americana” colocaria sob suspeição sua atuação na Abin. “Queriam que eu fosse aprender a investigar com a polícia do Paraguai?”, reagiu MM. MM? – e não é que até suas iniciais têm jeito de produto ianque?
Casado com uma promotora de Justiça, Mauro Marcelo tem três filhos, vive em um apartamento em Perdizes, bairro de classe média em São Paulo, e gaba-se daquilo que considera ser uma de suas maiores qualidades. “Posso bater no peito e dizer: sou incorruptível”, proclama. Há menos de um mês no comando da Abin, o delegado diz ter duas prioridades: conferir “transparência” ao órgão e seus métodos de investigação e levantar o moral da tropa, dividida por recentes disputas internas. Para isso, adotou o hábito de almoçar diariamente no “bandejão” que serve os funcionários (“Nenhum diretor jamais fez isso”, informa) e instituir o “Dia do Aniversariante”: toda sexta-feira, decidiu, convidará um punhado deles para tomar chá em seu gabinete – ocasião em que distribuirá aos homenageados cópias de sua foto oficial, por ele autografadas. “É uma forma de dar carinho aos funcionários. Eles sentem falta disso”, diz.
Aos 44 anos, Mauro Marcelo comandará um órgão que nasceu controverso e segue polêmico. Com 1.600 funcionários, a Abin tem como tarefa fundamental municiar o governo de informações de interesse do Estado – definição vaga o suficiente para abrigar uma gama de ações que vão do monitoramento dos movimentos sem-terra ao acompanhamento de atividades nas fronteiras – passando, eventualmente, por incursões a gabinetes de Brasília nem sempre referendadas por lei, como já registrou a história recente. A tarefa de dirigir a Abin exigirá de seu novo diretor discernimento para transitar na linha tênue que separa a legalidade da arapongagem inescrupulosa. Mauro Marcelo se define como “um policial, 24 horas por dia”. Diz ser “do tipo que anda com algemas dentro do carro” e afirma já ter perdido a conta de quantas vezes deu voz de prisão no trânsito. “É um impulso que vou ter de aprender a conter.” Tudo indica que não deverá ser o único.

Diogo

Leia a coluna de Diogo Mainardi de 7 de fevereiro:
– Meu telefone deve estar grampeado.
É o que eu sempre digo aos meus interlocutores. Até mesmo quando se trata da professora de música do meu filho:
– A aula é quarta-feira às 9.
– Meu telefone deve estar grampeado.
– …
– Tome cuidado.
A suspeita de estar sendo grampeado aumentou muito na semana passada. Luiz Gushiken mandou uma carta ao diretor da Polícia Federal, Paulo Lacerda, pedindo “medidas policiais” contra mim. O que isso significa? Escutas legais? Escutas ilegais? Quebra do sigilo bancário? Francenildo e Dioguildo?
Meu crime, segundo Luiz Gushiken, foi ter comentado numa coluna o assalto que ele sofreu em Indaiatuba. Isso demonstraria que sou membro de uma rede criminosa especializada em fabricar mentiras a seu respeito. Supostamente, o financiador dessa rede criminosa seria o banqueiro Daniel Dantas. O mesmo Daniel Dantas que eu acusei um monte de vezes de estar metido com o PT.
Mas o caso é ainda mais intrigante. Depois de mandar a carta ao diretor da Polícia Federal, Luiz Gushiken tomou a iniciativa de encaminhá-la a Paulo Henrique Amorim, que prontamente a publicou em sua página no iG, com o consentimento do autor. O petismo é misterioso. Se Luiz Gushiken de fato quisesse que a Polícia Federal investigasse minhas atividades secretas, qual o sentido de me alertar publicamente por meio de um garoto de recados?
Desconfio que seu plano fosse outro. Em meados do ano passado, a magistratura italiana passou a se interessar pelos negócios clandestinos da Pirelli e da Telecom Italia. Muita gente foi parar na cadeia. Algumas das principais testemunhas confessaram que as duas empresas pagaram homens públicos no Brasil. Telefono praticamente todos os dias aos meus informantes italianos, para saber detalhes sobre os pagamentos. Quem recebeu o tutu? Quanto? Quando? Onde?
Um dos envolvidos nessa história é Luiz Roberto Demarco, criador da loja virtual do PT e aliado de Luiz Gushiken na disputa comercial contra Daniel Dantas. É complicado saber o que passa pela cabeça de um petista, ainda mais um petista acuado. Se fosse para arriscar um palpite, eu diria que Luiz Gushiken teme ser associado de alguma maneira às denúncias vindas da Itália. Ao espalhar que eu e outros jornalistas fabricamos mentiras “com a finalidade de atingir a honorabilidade de sua pessoa”, ele estaria tentando se antecipar aos eventos. Repito: é só um palpite.
O fato é que Luiz Gushiken acredita estar num estado policial. Para investigar alguém, basta ele querer, basta ele mandar. Talvez seja assim mesmo. O Brasil aceitou o acobertamento de todos os crimes de sua classe política. Se é para acobertar, é para acobertar até o fim. O Dioguildo que se dane.

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