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Boulos, o miliciano, resolve atacar Kataguiri e dá vexame

Todas as utopias, as carnívoras e as herbívoras — a de Boulos é herbívora nos fins e carnívora nos meios, se é que me entendem —, se assentam, obviamente, na percepção de que o mundo é injusto

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 23h40 - Publicado em 21 jan 2016, 21h23

Guilherme Boulos, que lidera um movimento que se comporta como milícia, o MTST, também resolveu entrar na onda de demonização de Kim Kataguiri, um dos líderes do Movimento Brasil Livre, novo colunista da versão eletrônica da Folha.

Não vou defender Kataguiri porque, vendo a sua entrevista à TV Folha, constato que ninguém faz isso tão bem como ele próprio.

A sua resposta, diga-se, a uma pergunta sobre seu suposto machismo em razão de uma piada postada quando tinha 17 anos é magistral. Indagado se ainda pensa da mesma forma, respondeu: “Aquilo não é uma maneira de pensamento. Aquilo não é uma ideologia. Aquilo é uma piada. Então é difícil falar que eu continuo pensando de acordo com uma piada”. Brilhante!

A resposta distingue o mundo da civilização do mundo da barbárie intelectual politicamente correta. Logo, o novo colunista da Folha não precisa de quem o defenda. Eu até diria que os que pretendem atacá-lo intelectualmente talvez devam ter mais cuidado. Também a juventude não é categoria de pensamento. Nem maturidade.

Agora Boulos
Guilherme Boulos é colunista na Folha, como Kataguiri. É o fim da picada que reaja assim à contratação de uma voz distinta da sua — sempre lembrando que o MBL não comete crimes, e o mesmo não se pode dizer do MTST.

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Segundo o líder da milícia, as ideias de Kataguiri são velhas. Entendo. E aí escreve o seguinte e estupefaciente parágrafo:
“Há uma percepção cada vez mais ampla de que estamos vivenciando a crise de uma época. De que este sistema político é incapaz de representar as maiorias. De que este modelo econômico só atende aos interesses privilegiados do 1%. Daí uma série de movimentos que nasceram nos últimos anos com ojeriza à velha política e clamando por transformações profundas.”

A redação é ginasiana, e a generalização, boçal. Digam-me em que período os homens não experimentaram a sensação de estar “vivenciando a crise de uma época”. Era assim na Atenas de Péricles. É uma pena a gente não poder tomar os depoimentos de Cimon e seus partidários.

A percepção, verdadeira ou não, de que um regime de governo não contempla as maiorias vale até para quem está caminhando em busca da Terra Prometida. Sempre há um espírito de porco para esculpir um bezerro de ouro. Nem vou me ater a essa cascata do 1% porque isso é pura desinformação e fica para outra hora, mas a conta é falsa como nota de US$ 3. É o bezerro de ouro da hora.

Mais: um sujeito de trinta e poucos que acredita haver uma coisa chamada “velha política” como uma categoria a balizar o pensamento dá uma prova inequívoca de despreparo intelectual. Ademais, todas as utopias, as carnívoras e as herbívoras — a de Boulos é herbívora nos fins e carnívora nos meios, se é que me entendem —, se assentam, obviamente, na percepção de que o mundo é injusto.

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Ora, injusto era o mundo para os iluministas ingleses, para os iluministas franceses, para os comunistas, para os fascistas… A questão é saber a quais meios se pretende recorrer para corrigir as injustiças e se eles são compatíveis com o horizonte alegado. Boulos já tem idade de saber que os meios qualificam os fins.

Os meios a que Boulos recorre me dizem a que mundo ele pretende chegar. E os de Kataguiri também.

Encerro assim: quem escreve uma bobagem como essa que Boulos escreveu não tem autoridade para chamar o outro de despreparado — ainda que despreparado fosse, o que também é falso. Marx certamente lhe daria um pé no traseiro porque essa tolice nem errada consegue ser.

Boulos é uma farsa como revolucionário e só um bobo quando se mete a pensador. E, como sou justo, admito a sua competência como chefe de milícia.

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